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Núcleo da Terra parece estar envolto em uma estrutura antiga e inusitada

Os cientistas uniram o mapa de maior resolução até agora da geologia subjacente sob o Hemisfério Sul da Terra, revelando algo anteriormente não descoberto: um antigo fundo do oceano que pode envolver o núcleo.

11/04/2023 às 19h11
Por: Redação Fonte: https://universoracionalista.org/nucleo-da-terra-parece-estar-envolto-em-uma-estrutura-antiga-e-inusitada/
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Uma representação da imagem subterrânea usada no estudo. (Créditos: Edward Garnero e Mingming Li/Universidade Estadual do Arizona)
Uma representação da imagem subterrânea usada no estudo. (Créditos: Edward Garnero e Mingming Li/Universidade Estadual do Arizona)

Traduzido por Julio Batista
Original de David Nield para o ScienceAlert

Essa camada fina, mas densa, fica a cerca de 2.900 quilômetros abaixo da superfície, onde o núcleo externo metálico derretido é coberto pelo manto rochoso acima dela. Este é o limite do núcleo-manto (LNM). Entender exatamente o que está sob nossos pés – com o máximo de detalhes possível – é vital para estudar tudo, desde erupções vulcânicas até as variações do campo magnético da Terra, que nos protege da radiação solar no espaço.

“Investigações sísmicas, como a nossa, fornecem imagens de alta resolução da estrutura interior do nosso planeta, e estamos descobrindo que essa estrutura é muito mais complexa do que se pensava”, disse a geóloga Samantha Hansen, da Universidade do Alabama, EUA.

Ondas sísmicas de terremotos no hemisfério sul foram usadas para amostrar a estrutura da ZVUB ao longo do limite do núcleo-manto da Terra. (Créditos: Edward Garnero e Mingming Li/Universidade Estadual do Arizona)

Hansen e seus colegas usaram 15 estações de monitoramento enterradas no gelo da Antártica para mapear ondas sísmicas de terremotos ao longo de três anos. A forma como essas ondas se movem e saltam revela a composição do material dentro da Terra. Como as ondas sonoras se movem mais lentamente nessas áreas, elas são chamadas de zonas de velocidade ultrabaixa (ZVUBs). “Analisando [milhares de] gravações sísmicas da Antártica, nosso método de imagem de alta definição encontrou finas zonas anômalas de material no LMN em todos os lugares que sondamos”, disse o geofísico Edward Garnero, da Universidade Estadual do Arizona, EUA.

“A espessura do material varia de alguns quilômetros a dezenas de quilômetros. Isso sugere que estamos vendo montanhas no núcleo, em alguns lugares até cinco vezes mais altas que o Monte Everest.”

Segundo os pesquisadores, essas ZVUBs são provavelmente crosta oceânica enterrada ao longo de milhões de anos.

Embora a crosta submersa não esteja perto de zonas de subducção reconhecidas na superfície – zonas onde as placas tectônicas em movimento empurram a rocha para o interior da Terra – as simulações relatadas no estudo mostram como as correntes de convecção podem ter deslocado o antigo fundo do oceano para seu local de atual.

Movimentos de rochas no manto. (Créditos: Hansen et al., Science Advances, 2023)

É complicado fazer suposições sobre tipos e movimentos de rochas com base no movimento das ondas sísmicas, e os pesquisadores não estão descartando outras opções. No entanto, a hipótese do fundo do oceano parece ser a explicação mais provável para essas ZVUBs no momento.

Há também a sugestão de que essa antiga crosta oceânica poderia estar envolvida em todo o núcleo, embora seja tão fina que seja difícil ter certeza. Pesquisas sísmicas futuras devem ser capazes de adicionar mais informações ao quadro geral.

Uma das maneiras pelas quais a descoberta pode ajudar os geólogos é descobrir como o calor do núcleo mais quente e denso escapa para o manto. As diferenças de composição entre essas duas camadas são maiores do que entre a rocha sólida da superfície e o ar acima dela na parte em que vivemos.

“Nossa pesquisa fornece conexões importantes entre a estrutura rasa e profunda da Terra e os processos gerais que impulsionam nosso planeta”, disse Hansen.

A pesquisa foi publicada na Science Advances.

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