Traduzido por Julio Batista
Original de David Nield para o ScienceAlert
Essa camada fina, mas densa, fica a cerca de 2.900 quilômetros abaixo da superfície, onde o núcleo externo metálico derretido é coberto pelo manto rochoso acima dela. Este é o limite do núcleo-manto (LNM). Entender exatamente o que está sob nossos pés – com o máximo de detalhes possível – é vital para estudar tudo, desde erupções vulcânicas até as variações do campo magnético da Terra, que nos protege da radiação solar no espaço.
“Investigações sísmicas, como a nossa, fornecem imagens de alta resolução da estrutura interior do nosso planeta, e estamos descobrindo que essa estrutura é muito mais complexa do que se pensava”, disse a geóloga Samantha Hansen, da Universidade do Alabama, EUA.
Hansen e seus colegas usaram 15 estações de monitoramento enterradas no gelo da Antártica para mapear ondas sísmicas de terremotos ao longo de três anos. A forma como essas ondas se movem e saltam revela a composição do material dentro da Terra. Como as ondas sonoras se movem mais lentamente nessas áreas, elas são chamadas de zonas de velocidade ultrabaixa (ZVUBs). “Analisando [milhares de] gravações sísmicas da Antártica, nosso método de imagem de alta definição encontrou finas zonas anômalas de material no LMN em todos os lugares que sondamos”, disse o geofísico Edward Garnero, da Universidade Estadual do Arizona, EUA.
“A espessura do material varia de alguns quilômetros a dezenas de quilômetros. Isso sugere que estamos vendo montanhas no núcleo, em alguns lugares até cinco vezes mais altas que o Monte Everest.”
Segundo os pesquisadores, essas ZVUBs são provavelmente crosta oceânica enterrada ao longo de milhões de anos.
Embora a crosta submersa não esteja perto de zonas de subducção reconhecidas na superfície – zonas onde as placas tectônicas em movimento empurram a rocha para o interior da Terra – as simulações relatadas no estudo mostram como as correntes de convecção podem ter deslocado o antigo fundo do oceano para seu local de atual.
É complicado fazer suposições sobre tipos e movimentos de rochas com base no movimento das ondas sísmicas, e os pesquisadores não estão descartando outras opções. No entanto, a hipótese do fundo do oceano parece ser a explicação mais provável para essas ZVUBs no momento.
Há também a sugestão de que essa antiga crosta oceânica poderia estar envolvida em todo o núcleo, embora seja tão fina que seja difícil ter certeza. Pesquisas sísmicas futuras devem ser capazes de adicionar mais informações ao quadro geral.
Uma das maneiras pelas quais a descoberta pode ajudar os geólogos é descobrir como o calor do núcleo mais quente e denso escapa para o manto. As diferenças de composição entre essas duas camadas são maiores do que entre a rocha sólida da superfície e o ar acima dela na parte em que vivemos.
“Nossa pesquisa fornece conexões importantes entre a estrutura rasa e profunda da Terra e os processos gerais que impulsionam nosso planeta”, disse Hansen.
A pesquisa foi publicada na Science Advances.
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