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Pandemia piorou alimentação de crianças e adolescentes, alertam debatedores

Representantes do governo anunciam políticas públicas contra a obesidade infantil

05/07/2021 às 19h45
Por: Redação Fonte: Agência Câmara de Notícias
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 Merenda escolar pode ser uma aliada no combate à obesidade infantil - (Foto: Janine Tomberg/Prefeitura de Pelotas-RS)
 Merenda escolar pode ser uma aliada no combate à obesidade infantil - (Foto: Janine Tomberg/Prefeitura de Pelotas-RS)

A crise sanitária provocada pelo novo coronavírus aumentou outro problema que os especialistas também chamam de pandemia: a obesidade infantil. Em audiência nesta segunda-feira (5) da comissão externa da Câmara dos Deputados que discute as políticas para a primeira infância, eles apontaram a urgência de iniciativas para atenuar consequências da Covid-19 como a má alimentação de crianças e adolescentes e a falta de atividades físicas, dois determinantes diretos para o excesso de peso.

Os debatedores fizeram um panorama da situação dos menores de 18 anos diante do confinamento imposto pela pandemia: mais tempo usando telas, mais inatividade e o aumento do consumo de alimentos ultraprocessados. Para as famílias mais vulneráveis, das classes D e E, a perda de renda e o aumento no preço dos alimentos mais saudáveis agravaram a situação de insegurança alimentar.

Representante do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), Cristina Albuquerque mostrou que, em 13% das famílias que têm crianças e adolescentes, os menores de 18 anos tiveram problemas de acesso a alimentos por falta de dinheiro. Em 61% delas, aumentou o consumo de fast food e refrigerantes e diminuiu o de frutas e verduras. Ela faz um prognóstico pessimista se não houver políticas públicas urgentes.

“Nós podemos ter, até 2025, 1 milhão de crianças e jovens no Brasil com pressão arterial elevada, outros mais de 100 mil com diabetes tipo 2 na fase adulta e 12,5 milhões de crianças obesas”, alertou Cristina.

Cristina Albuquerque: durante a pandemia aumentou o consumo de <em>fast food</em>
Cristina Albuquerque: durante a pandemia aumentou o consumo de fast food - (Foto: Gustavo Sales/Câmara dos Deputados)

Merenda escolar
Durante a audiência pública, representantes dos ministérios da Educação e da Saúde afirmaram que o combate à obesidade infantil é prioritário. A representante do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), Solange Fernandes, informou que, desde o início da pandemia, o fornecimento de merenda escolar foi mantido, mesmo com escolas fechadas. Segundo ela, há uma determinação de que 75% das compras sejam de alimentos in natura.

Solange Fernandes citou ações em andamento, como a colocação de mensagens sobre alimentação saudável na contracapa de livros escolares e a confecção de um caderno de receitas indicadas para as creches.

A coordenadora da comissão externa, deputada Paula Belmonte (Cidadania-DF), salientou a importância da merenda escolar na nutrição infanto-juvenil.

“Muitas vezes as crianças se alimentam muito melhor dentro da creche, dentro da escola, do que na sua própria casa. Então o acesso a uma comida saudável é fundamental para que a gente possa ter um país não só com um futuro cognitivo muito melhor, mas também com um futuro de um país com jovens e adultos com mais saúde”, observou a deputada.

Deputada Paula Belmonte, coordenadora da comissão externa
Deputada Paula Belmonte, coordenadora da comissão externa - (Foto: Gustavo Sales/Câmara dos Deputados)

Pesquisas
Solange Fernandes ainda revelou os resultados de uma pesquisa de 2018 com 2.443 cardápios de creches: 62,8% não apresentavam variedade alimentar adequada e 90,9% incluíam alimentos ultraprocessados três vezes por semana. O levantamento deve ser repetido no segundo semestre de 2022.

A coordenadora geral de Alimentação e Nutrição do Ministério da Saúde, Gisele Bortolini, trouxe outros dados alarmantes: mais de 6 milhões de crianças e 9 milhões de adolescentes têm excesso de peso. Ela anunciou para ainda neste mês a assinatura de uma portaria instituindo o Proteja, um programa para estimular cidades mais saudáveis.

“São ações na atenção primária, ações na escola, no espaço verde, na questão dos ambientes, pensar a produção do alimento até o consumo. ‘No meu município são produzidos alimentos? Não são produzidos? A que preço eles são comercializados? Tem feira? Não tem feira?’, pensando em quanto a cidade pode apoiar aquelas famílias no acesso aos alimentos mais saudáveis”, afirmou Gisele.

Iniciativas legislativas
Cristina Albuquerque, do Unicef, cobrou do Congresso Nacional mudanças legislativas em temas como o aumento da tributação de bebidas açucaradas, como refrigerantes; a proibição de alimentação não saudável em cantinas escolares; e a redução da publicidade de alimentos ultraprocessados.

Já o representante da ONG Instituto Alana, Renato Godoy, pediu a atenção dos parlamentares para projetos sobre alimentação saudável em tramitação no Congresso, como a proposta (PL 4815/09) que proíbe a comercialização de brinquedos associada à de lanches.

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