A deputada Renata Abreu (Pode-SP) ressaltou que considera a quota de candidaturas uma vitória, mas, como dirigente partidária, explicou qual é a lógica vigente.
“Os partidos, na hora de construir a chapa, colocam quem tem voto, porque é a lógica do sistema proporcional para se atingir um quociente eleitoral. Então, como a mulher passou muitos anos sendo tratada de forma diferente, porque nós não tínhamos o direito de votar, de trabalhar, as mulheres eram preteridas, porque não tinham voto comprovado”, disse.
Segundo a deputada, uma das formas de se chegar a um equilíbrio na representatividade pode ser a adoção das cadeiras efetivas para as mulheres nos parlamentos. Ela acrescenta que a bancada feminina da Câmara busca um consenso em torno de um percentual de vagas que seja viável para a aprovação pelo Congresso.
Durante a comissão geral, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Luís Roberto Barroso, explicitou o seu apoio à reserva de cadeiras para as representantes femininas. Ele relatou que, ao acompanhar as últimas eleições no México, verificou que havia chapas paritárias: para cada candidato homem, uma mulher.
“Eu acho que 15% por cento apenas de representação feminina no Congresso é muito pouco e, evidentemente, essa é uma questão política que será decidida pelos senhores, mas eu apostaria num avanço progressivo de reservar 20% das vagas para mulheres, para quebrar o ciclo de discriminação”, sugeriu o ministro.
Barreiras
Coordenadora da bancada feminina, a deputada Celina Leão (PP-DF) destacou que, além de votarem e serem votadas, as mulheres têm direito de participar das tomadas de decisão, mas listou algumas barreiras para alcançar este patamar, como a falta de apoio nos espaços públicos e os estereótipos de gênero.
Já a deputada Lídice da Mata (PSB-BA) lembrou que não há sistema democrático que não inclua as maiorias, como mulheres e negros, no caso do Brasil. A deputada Soraya Santos (PL-RJ) se manifestou nesta mesma linha de pensamento.
“Quando se fala em representatividade democrática, não se consegue compreender como, no Brasil, uma maioria vira minoria no sistema eleitoral.”
Relatora do grupo de trabalho que analisa a reforma do Código Eleitoral, a deputada Margarete Coelho (PP-PI) citou outra barreira à participação feminina: a violência política contra as mulheres.
“Este é um grande mal, que atinge não as mulheres, não é um problema das mulheres, é um problema da nossa democracia, que exclui maiorias, ou que minoriza maiorias e faz com que o sistema seja extremamente deficitário”, disse.
Durante o debate, o ministro Luís Roberto Barroso sugeriu que as mulheres também tenham pelo menos 30% de participação nos cargos de direção dos partidos. Algumas deputadas elogiaram o titular do TSE por uma ação recente e inédita: a indicação dos nomes de três advogadas na composição de uma lista tríplice para o cargo de ministro substituto do tribunal.