Para 2021, o Brasil tem a previsão de 662 milhões de doses de vacinas contra a Covid-19, sendo que 572 milhões já estão contratadas e 90 milhões estão em tratativas. A informação foi dada pelo secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Arnaldo Correio de Medeiros, durante audiência pública nesta segunda-feira (7) das comissões de Ciência e Tecnologia e de Relações Exteriores, para discutir a produção de vacinas no País, a ampliação da oferta e possibilidades de um imunizante nacional.
Medeiros comemorou a vacinação de todos os idosos do País, acima de 60 anos, e enumerou outros grupos cuja vacinação está avançada. “Trabalhadores de saúde, 100%; população indígena aldeada; 100%; população ribeirinha e quilombola, já 100%; as forças de segurança, que são os policiais, e salvamento, já estamos em 42%; os trabalhadores portuários, 100%; os trabalhadores de transporte aéreo, 100%; estamos com 70% dos pacientes com comorbidade, independente de idade; e já estamos com 40% dos trabalhadores do ensino, da educação”, relatou.
O secretário foi questionado pelo deputado Luis Miranda (DEM-DF), um dos autores do requerimento pedindo a realização da audiência, a explicar melhor os números, uma vez que, na experiência do parlamentar, as forças de segurança do Distrito Federal, em especial, não estavam 42% imunizadas. Medeiros explicou que os números, na realidade, se referem ao que tem sido destinado pelo Ministério da Saúde, mas que não é possível garantir esses percentuais de imunização.
Produção nacional
Secretário de Pesquisa e Informação Científica do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações, Marcelo Morales afirmou que, ainda em fevereiro de 2020, o ministério se reuniu com pesquisadores e outras pessoas de notório saber já para planejar o enfrentamento de uma possível pandemia. Entre os dados citados por ele, estão a elevação do nível de segurança de 18 laboratórios, o fomento a mais de 250 pesquisadores que trabalham no sequenciamento genético do vírus e o financiamento a 15 protocolos de vacinas.
O objetivo, segundo ele, é desenvolver uma competência nacional de produção de insumos farmacêuticos ativos (IFAs) de vacinas. "Que isso fosse um núcleo de produção de IFAs brasileiros para Covid-19, mas também para outras doenças do Brasil, como por exemplo, Zika, Chikungunya, entre outras", destacou.
O diretor do Departamento de Direitos Humanos e Cidadania do Ministério das Relações Exteriores, João Lucas Quental Novaes de Almeida, disse que, segundo suas apurações, com a atual capacidade de produção, seriam necessários dois anos para que 70% da população mundial fosse vacinada.
Ele também citou a dependência, por parte de muitos países, da importação de insumos e das próprias vacinas, mas afirmou que as últimas notícias vindas da Índia “são animadoras”. A expectativa, segundo o diretor, é de que, tão logo a crise sanitária do país, que é o maior produtor mundial, esteja sob controle, a nação possa retomar os repasses, especialmente para a iniciativa Covax Facility, em que países mais ricos doam vacinas para países em dificuldades.
Vice-presidente de Produção e Inovação em Saúde da Fundação Oswaldo Cruz, Marco Krieger lembrou que, apesar de atrasos iniciais no envio do Insumo Farmacêutico Ativo, o que levou a atrasos na entrega das vacinas, há oito semanas, a média de entrega da Fiocruz é de 4,8 milhões de doses por semana. Ele também garantiu que a fundação tem matéria prima para manter essa mesma média pelas próximas oito semanas.
Butantan
Raul Machado Neto, diretor de Estratégia Institucional do Instituto Butantan, detalhou cinco frentes de combate à pandemia: o acordo com a Sinovac para o desenvolvimento da Coronavac; a produção de um soro para o tratamento da doença, que já conta com alguns milhares de ampolas prontas, apesar de estar em fase de ensaio clínico; a rede de plasma para doação de quem já se recuperou da Covid, com objetivo de ajudar no tratamento dos pacientes; a rede de testes do vírus, que passou a ter também centros de alertas para variantes.
E a vacina que está sendo desenvolvida pelo instituto, a Butanvac, por meio de uma iniciativa internacional com a participação da Mount Sinai Medical School da Universidade do Texas. "O propósito é cobrir países de baixa e média renda, o que é bastante interessante para nós, no Brasil”, informou.