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Estoque de kit-intubação segue preocupante, afirmam gestores de saúde

Segundo Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Saúde, risco iminente de falta de medicamentos ainda existe em todas as unidades da Federação

Redação
Por: Redação Fonte: Agência Câmara de Notícias
18/05/2021 às 20h16
Estoque de kit-intubação segue preocupante, afirmam gestores de saúde
Breno Monteiro: em março, demanda por esses medicamentos cresceu 2.000% - (Foto: Gustavo Sales/Câmara dos Deputados)

A indústria farmacêutica e os gestores públicos e privados da área de saúde apresentaram quadro “preocupante” dos estoques de kit-intubação e de outros medicamentos no País, durante audiência virtual nesta terça-feira (18) da comissão externa da Câmara dos Deputados que acompanha ações de enfrentamento à Covid-19.

Em alguns municípios, hospitais públicos e privados tiveram de desativar UTIs devido à falta desses produtos em março, durante novo pico da pandemia e colapso em unidades de saúde no Brasil. Hoje a pressão é um pouco menor, mas a situação se mantém crítica diante do número diário ainda elevado de casos e mortes por Covid-19.

Assessor técnico do Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Saúde (Conass), Heber Bernade ressaltou a gravidade do momento. “A situação não está nem perto de ser resolvida de forma plena, o que faz com que os estabelecimentos e as secretarias estaduais vivam um dia após o outro”, comentou. “O drama do risco iminente de falta pontual em alguns hospitais ainda existe em todas as unidades da Federação.”

O Conselho Nacional dos Secretários Municipais de Saúde (Conasems) apresentou avaliação semelhante nas unidades sob administração das prefeituras.

Dados mostrados pela Associação Nacional dos Hospitais Privados (Anahp) revelaram que o panorama também é grave na rede particular.

“Para os medicamentos anestésicos, temos hoje 71,7% dos hospitais que possuem duas semanas ou mais de estoque. No entanto, 23% têm uma só semana de estoque e 5,1% possuem menos de cinco dias”, informou Leonísia Obrusnik, uma das coordenadoras da associação. “Em relação ao kit-intubação, temos 69% dos hospitais com estoque de duas semanas ou mais; 20% com estoque para uma semana; e 7,6% para cinco dias”, continou.

Kit-intubação
O kit-intubação é um conjunto de equipamentos e remédios usados para a colocação de um tubo na traqueia do paciente, a fim de mantê-lo conectado a um ventilador pulmonar. Medicamentos hipnóticos, analgésicos e bloqueadores neuromusculares também fazem parte do kit.

O Conasems apontou falta desses bloqueadores neuromusculares nas últimas semanas, enquanto a rede privada citou desabastecimento de antibióticos hospitalares.

Nelson Mussolini: crise na Índia também afeta abastecimento no Brasil
Nelson Mussolini: crise na Índia também afeta abastecimento no Brasil - (Foto: Gustavo Sales/Câmara dos Deputados)

O diretor do Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos (Sindusfarma), Nelson Mussolini, admitiu que o problema ainda está longe de uma solução definitiva.

“Estoques confortáveis, só os vamos ter com o fim da pandemia e, mesmo assim, ainda vamos ter problemas durante um período subsequente. A indústria nem os distribuidores têm reversa.”

O sindicato pediu à Anvisa que prorrogue, por mais 30 dias, as regras emergenciais de produção, já que a vigência de algumas delas termina nesta semana.

Custos
Mussolini lembrou que o agravamento da pandemia na Índia, um dos maiores fabricantes mundiais de medicamentos e equipamentos, afeta o estoque regulador. Ele informou que a indústria nacional tem trabalhado em turnos ininterruptos para ampliar a produção, o que pode gerar aumento de custos.

O presidente da Confederação Nacional de Saúde, Breno Monteiro, salientou que, em março, houve aumento de cerca de 2.000% na demanda desses medicamentos e alta de até 600% nos preços.

Trabalho conjunto
O Ministério da Saúde informou que estados e municípios sinalizaram a dificuldade em encontrar o kit-intubação no mercado a partir de maio e junho do ano passado. Desde então, vem trabalhando com o Conass e o Conasems no monitoramento da situação, que hoje é capaz de verificar o estoque de 22 medicamentos em cerca de 3 mil unidades de saúde.

A diretora de assistência farmacêutica do ministério, Ediane Bastos, destacou os  esforços conjuntos das três esferas de governo para amenizar o baixo estoque.

“A gente conseguiu distribuir, até o momento, 9 milhões e 900 unidades desses medicamentos. Estamos para receber ainda itens a partir dos pregões realizados no ano passado e ações de doação com previsão de entrega, além das compras e aquisições internacionais em parceria com a Organização Pan-Americana (Opas)”, explicou. “Acreditamos que, a partir de junho, comecemos a receber os quantitativos dessas aquisições. ”

Carmen Zanotto mostrou preocupação com a demanda reprimida de cirurgias eletivas
Carmen Zanotto mostrou preocupação com a demanda reprimida de cirurgias eletivas - (Foto: Gustavo Sales/Câmara dos Deputados)

A relatora da comissão externa, deputada Carmen Zanotto (Cidadania-SC), elogiou o esforço conjunto, mas manifestou preocupação diante da demanda reprimida de cirurgias eletivas adiadas pela pandemia.

“A situação ainda não é confortável quando se tem alguns medicamentos com cinco dias de estoque. Nós, que somos da área da saúde, estamos acostumados com estoques reguladores muito mais seguros – para 30, 60, 90 e 120 dias – e uma entrega regular por parte da indústria. A gente vê que a situação ainda é complexa.”

Plano de contingência
A Confederação das Santas Casas de Misericórdia, Hospitais e Entidades Filantrópicas também participou da audiência e informou que suas unidades têm procurado amenizar o problema com a importação do kit-intubação. Entretanto, enfrentam problemas financeiros diante da necessidade de fazer pagamentos adiantados aos fornecedores internacionais.

Em busca de solução mais duradoura, o Conass defendeu a adoção de plano de contingência de longo prazo com estoque doador e uma espécie de “poupança” de medicamentos para 2022 e 2023.

O debate de hoje foi uma iniciativa do deputado Marcelo Ramos (PL-AM).

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