A deputada Flordelis (PSD-RJ) acusou, sem citar nomes, políticos do seu estado, blogueiros, líderes religiosos e alguns filhos de estarem interessados em prejudicá-la e reclamou por estar respondendo a processo por quebra de decoro parlamentar mesmo sem ter sido julgada pelo assassinato do marido, o pastor Anderson do Carmo. Ela pediu aos integrantes do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara dos Deputados nesta quinta-feira (13) para que não seja injustiçada e que seu mandato seja mantido, reafirmando sua inocência.
A deputada é acusada de ser mandante do assassinato de Anderson do Carmo, em junho de 2019. Ela apontou que já há réus confessos para o crime, mas lamentou ter a vida destruída, mesmo sem provas. Flordelis afirmou que o marido era seu amigo, gerenciava 60% da renda familiar e era o articulador das atividades do seu mandato.
Apesar de dizer que era muito bem tratada, confirmou ter sido agredida uma vez, mas negou ter pensado em separação e classificou como de “dependência” a relação com o marido. Também falou não saber das acusações de que o pastor Anderson do Carmo assediava sexualmente a filha Simone e de supostas tentativas de envenenamento contra ele.
Perguntada pelo relator do processo, o deputado Alexandre Leite (DEM-SP), se o caso atinge a imagem da Câmara, ela reagiu, dizendo não ser "uma vergonha" para o Parlamento. "Eu não trago nenhum prejuízo ao Parlamento, porque eu não sou uma assassina”, enfatizou.
Ela também negou ao relator a existência de indícios de autoria e materialidade que "maculem a sua imagem nesse processo”. A deputada também refutou a acusação de ter mandado assassinar o marido por poder e dinheiro e disse depender do salário de parlamentar para sustentar filhos e netos. Segundo Flordelis, outras pessoas estão pagando as prestações do financiamento de sua casa, porque metade de seus rendimentos seria utilizada atualmente para quitar dívidas de 9 templos que foram fechados.
Ela acusou alguns grupos de quererem prejudica-la, incluindo um núcleo familiar que pretenderia tomar o poder no município de São Gonçalo, no Rio de Janeiro.
“A minha desgraça, infelizmente, é boa para alguns políticos do meu estado, que pretendem herdar os meus quase 200 mil votos, que eu conquistei com o meu trabalho. Eu não entrei nessa Casa de pára-quedas, eu não caí aqui de pára-quedas, eu tenho uma história”, destacou.
As acusações incluíram membros da comunidade religiosa. “Existe um pequeno grupo de falsos cristãos que querem, a qualquer custo, continuar me agredindo, continuar me rotulando de assassina, pra conquistar os fiéis das igrejas que infelizmente, eu tive que fechar”, relatou.
Ela também apontou interesses financeiros dos filhos para justificar as acusações e relatou desfalques nas igrejas e desaparecimento de dinheiro guardado pelo casal.
Flordelis respondeu perguntas sobre o conteúdo de várias mensagens via celular, inclusive as que revelariam uma suposta trama para a morte do pastor Anderson.
Durante o depoimento ao Conselho de Ética, a deputada se emocionou ao negar a acusação de ter violado a tornozeleira eletrônica que usa para ser monitorada. Também chorou ao relatar as automutilações praticadas por uma das filhas, abalada com as consequências do crime. A parlamentar também lamentou não ter recebido apoio da bancada feminina da Câmara desde que começou o processo por quebra de decoro parlamentar.