A educação continuada pode ser uma ferramenta para melhorar a qualidade de vida da população em idade mais avançada, além de evitar a solidão deste grupo. A experiência das chamadas “universidades da Terceira Idade” foi debatida nessa segunda-feira (29) pelos integrantes da Comissão dos Direitos da Pessoa Idosa da Câmara dos Deputados.
A Universidade de Brasília mantém, desde 2014, um projeto de extensão chamado Universidade do Envelhecer (UniSer). Para estimular a convivência entre as gerações, são aceitos alunos a partir dos 40 anos, sem exigência de nível de escolaridade.
Mais de 800 pessoas já passaram pelo projeto. A principal atividade é o curso que forma o Educador Político e Social no Envelhecimento. Os estudantes sêniores cursam três semestres letivos, sugerem temas para as disciplinas e fazem estágios em empresas.
Durante a audiência pública, a diretora da Uniser, Margo Karnikowiski, destacou os benefícios das atividades de extensão para a saúde dos idosos. Também apontou outras vantagens para os alunos que se engajam no projeto:
“Estudos demonstram que melhora a autoestima da pessoa, melhora o acolhimento da sociedade a essas pessoas, incentiva o convívio social, a questão da afetividade, a formação de rede e isso auxilia para que as pessoas saiam do isolamento. ”
O isolamento de que fala a professora Margo é a solidão de alguns idosos, agravada agora pela pandemia do coronavírus. Há mais de um ano, as atividades da Universidade do Envelhecer são exclusivamente virtuais.
Pessoas com deficiência
O deputado Eduardo Barbosa (PSDB-MG) elogiou o projeto e sugeriu a inclusão das pessoas com deficiência nas universidades da Terceira Idade, já que elas têm, frequentemente, evidências de envelhecimento precoce. Ele lembrou que o acesso dos mais velhos à educação está previsto no Estatuto do Idoso, mas não existem diretrizes governamentais para isso:
“Independentemente da vontade de governo, vocês estabelecem aí aquilo que é um direito e, sobretudo, um desejo das pessoas idosas do país. ”
Custos
A diretora da Universidade do Envelhecer, Margo Karnikowiski, levou dados econômicos para o debate. Segundo ela, o custo de implantação de uma universidade da Terceira Idade é 30 vezes menor do que os gastos com apoio domiciliar ao idoso e 57 vezes menor do que as despesas em uma instituição de longa permanência.
Para o presidente da Comissão dos Direitos da Pessoa Idosa, deputado Dr. Frederico (Patriota-MG), só essa vantagem financeira já justificaria o projeto. Oncologista, ele relatou ter participado de projeto semelhante na Universidade Federal de São João Del Rey, em Minas Gerais, falando sobre prevenção do câncer:
“Todas essas palestras foram preenchidas com uma riqueza de pessoas, palestras em que todas se encontravam motivadas, uma alta participação. Tive uma pequena observação do tanto que essas universidades da Terceira Idade podem contribuir para o nosso país. ”
A Universidade do Envelhecer, de Brasília, também quer aproximar os idosos da tecnologia e das gerações mais novas. Um dos projetos é o desenvolvimento de games educativos. O tema do primeiro jogo é o uso racional de medicamentos.