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O problema dos ossos de dinossauro

Insetos sugadores de sangue, presos em âmbar por milhões de anos, extraídos por causa de seus buchinhos cheios de sangue, com o sangue analisado em busca de DNA antigo.

29/03/2021 às 19h49
Por: Redação Fonte: https://universoracionalista.org/o-problema-dos-ossos-de-dinossauro/
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O problema dos ossos de dinossauro

À primeira vista, a explicação científica para o renascimento dos dinossauros em Jurassic Park não parece muito sólida. Foi considerada uma possibilidade genuína na época em que o livro foi escrito. Só há um problema – preso no âmbar ou não, o DNA não gosta de ficar por muito tempo. Mesmo nas melhores condições, os cientistas estimam que o DNA legível se degrada completamente em 1,5 milhão de anos, no máximo.

O impacto do asteroide que exterminou os dinossauros ocorreu há 65 milhões de anos, então há dezenas de milhões de anos nesse meio-tempo, o que significa muita degradação do DNA.

Qualquer cientista que você quiser perguntar lhe dirá que Jurassic Park é o único lugar onde você verá dinossauros clonados em um futuro próximo. Mas isso não quer dizer que os paleontólogos concordem totalmente sobre o que constitui o material genético decifrável mais antigo do mundo.

“Dizem que você pode clonar um dinossauro – isso é Jurassic Park, não é ciência”, disse a paleobióloga Alida Bailleul, da Academia Chinesa de Ciências, ao ScienceAlert.

“Não estamos fazendo isso para clonar um dinossauro… estamos apenas tentando entender se podemos obter acesso a parte do material genético.”

Bailleul se tornou uma das faces da discussão nesta área da paleontologia, após descobrir o que ela acredita ser o DNA parcialmente intacto mais antigo já encontrado em um espécime do dinossauro Hypacrosaurus.

Montagem do esqueleto do Hypacrosaurus altispinus. (Créditos: Etemenanki3/Wikimedia/CC BY-SA 4.0)

Nas últimas décadas, inúmeras descobertas atrasaram a data do mais antigo material genético legível.

Em 2013, um fóssil de cavalo de 700.000 anos congelado em pergelissolo se tornou o DNA mais antigo já sequenciado. Antes disso, o genoma sequenciado mais antigo era dos restos mortais de um Denisovano de 80.000 anos.

Então, no início deste ano, os cientistas anunciaram que haviam sequenciado o DNA de um dente de mamute de 1,2 milhão de anos – que atualmente detém o recorde do DNA mais antigo recuperado e sequenciado.

Devido à fragilidade do DNA, alguns cientistas acham que pode ser o mais antigo que obteremos, pelo menos em termos de material genético decifrável que não está tão degradado a ponto de ser inútil.

O DNA tem meia-vida de 521 anos, o que significa que, após 521 anos, metade das ligações em sua estrutura molecular se quebram. Após 1.042 anos, metade desse restante também teria desaparecido.

Em condições de preservação absoluta, a última ligação se quebraria após 6,8 milhões de anos, mas é provável que você tenha muitos problemas para ler qualquer coisa depois de cerca de um milhão de anos, dizem os pesquisadores.

“Eu não acho que nada mais do que isso possa ser confiável”, disse a especialista em DNA antigo Sally Wasef, da Universidade Griffith, na Austrália, ao ScienceAlert.

“E não é apenas que não seja confiável. É sobre quanta informação ele forneceria a você. Pode ser um pequeno pedaço preservado, mas seria o suficiente para lhe fornecer boas informações?”

O genoma de cada ser humano é composto de 3,2 bilhões de ‘pares de bases’, os blocos de construção do DNA (ácido desoxirribonucléico) que codificam nossas instruções genéticas. Cada ser vivo no planeta usa esses pares de bases de DNA para armazenar suas informações genéticas, e a maioria dos mamíferos tem um número semelhante de pares de bases para codificar todos os nossos fios de cabelo/pelo, nadadeiras ou chifres.

Para descobrir a maioria das diferenças físicas entre duas pessoas, você pode analisar pequenas mudanças nesses pares de bases, chamadas de polimorfismos de nucleotídeo único (SNPs). Em algumas doenças, apenas um SNP será alterado, enquanto a cor dos olhos pode envolver múltiplos SNPs, e algumas características de toda uma população podem sofrer centenas dessas pequenas alterações.

Em outras palavras, se você fornecesse uma amostra de seu DNA a uma empresa de testes genéticos como a 23andMe, eles examinariam 640.000 de seus SNPs – o que parece muito, mas eles estão analisando apenas cerca de 0,02 por cento de todo o genoma.

Com tanta complexidade em um genoma, as coisas se complicam rapidamente se bilhões desses pares de bases se degradam, deixando apenas partes do quebra-cabeça para trás que oferecerem informações genéticas físicas.

Impressão artística do Hypacrosaurus altispinus. (Créditos: ABelov2014/CC BY 3.0)

Wasef usa a analogia de nosso DNA ser como um disco rígido de computador. “Se o disco rígido estiver em um local seguro, onde não esteja exposto a uma série de fatores que o danificam, ele estará bem preservado”, explica ela.

“Mas, uma vez que este disco rígido é atacado por um vírus, você começa a ter seus dados devorados.”

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