Terça, 16 de Setembro de 2025
16°C 29°C
Nova Cantu, PR
Publicidade

Entidades sugerem mudanças na legislação penal para combater racismo

Para especialistas, é preciso acabar com a "seletividade" do sistema penal brasileiro, que hoje tem os negros como alvos preferenciais, desde a abo...

Redação
Por: Redação Fonte: Agência Câmara de Notícias
25/03/2021 às 15h50

A comissão de juristas criada pela Câmara dos Deputados para aperfeiçoar a legislação sobre racismo recebeu nesta quinta-feira (25), em audiência pública, contribuições de entidades jurídicas da sociedade civil e de movimentos sociais para combater o racismo no sistema de justiça criminal brasileiro.

Entre as mudanças na legislação sugeridas pelos convidados estão:

- o melhor disciplinamento das abordagens policiais, hoje muito focadas na população negra, com criação do auto de busca pessoal, para detalhamento da operação;

- o fim do reconhecimento de suspeito baseado na exibição de uma única pessoa;

- a criação de ouvidorias externas em todos os órgãos judiciais criminais, compostas por pessoas da sociedade eleitas por representação popular;

- a exigência de que novas prisões dependam da existência efetiva de vagas no sistema penitenciário;

- a definição legal de “provas frágeis” do ponto de vista processual, para evitar que a defesa tenha de buscar instâncias superiores para derrubá-las;

- a não criação de tipo penal fechado para o crimes de racismo, para não dificultar a aplicação prática de penalidades;

- a exclusão de dispositivo da Lei das Contravenções Penais que trata da perturbação do sossego alheio, muito usado para perseguir cultos e práticas religiosas de matriz africana.

Também houve sugestões voltadas às polícias, como ensino de direitos humanos nas academias, julgamento de processos administrativos por não policiais e instalação de câmeras de vídeo nas viaturas.

Seletividade penal
Promotora de Justiça do Ministério Pública da Bahia, Livia Santana Vaz disse que o desafio da comissão é promover mudanças estruturais focando na seletividade racial do sistema penal, e não nos crimes de racismo.

Segundo ela, os negros são alvos preferenciais do sistema, desde a abordagem policial até o cumprimento da pena. “De ponta a ponta, há uma seletividade racial explícita que precisa ser tratada a partir do trabalho dessa comissão”, disse.

A defensora pública e representante da Associação Nacional das Defensoras e Defensores Públicos (Anadep) na audiência, Lucia Helena Silva Barros de Oliveira, também mostrou preocupação com a seletividade do sistema criminal. Uma das propostas trazidas por ela foi a criação de uma atenuante genérica, no Código Penal, para pessoas negras em julgamentos criminais. “Os corpos negros pagam por uma seletividade penal.”

Durante o debate, o relator da comissão de juristas, Silvio de Almeida, afirmou que o colegiado vai dar um “contorno jurídico” às sugestões para facilitar a análise pelo Congresso Nacional. “Vamos fazer o que há de melhor do ponto de vista técnico e jurídico”, declarou.

Comissão
A comissão de juristas foi criada em decorrência da morte de João Alberto, o consumidor negro espancado até a morte por seguranças em uma loja do supermercado Carrefour, em Porto Alegre, em novembro do ano passado. O grupo, formado por 20 juristas negros, tem como presidente o ministro Benedito Gonçalves, do Superior Tribunal de Justiça (STJ).

* O conteúdo de cada comentário é de responsabilidade de quem realizá-lo. Nos reservamos ao direito de reprovar ou eliminar comentários em desacordo com o propósito do site ou que contenham palavras ofensivas.
Nova Cantu, PR
20°
Tempo nublado
Mín. 16° Máx. 29°
20° Sensação
1.27 km/h Vento
68% Umidade
100% (2.15mm) Chance chuva
06h25 Nascer do sol
18h23 Pôr do sol
Quarta
33° 16°
Quinta
32° 16°
Sexta
35° 20°
Sábado
38° 23°
Domingo
38° 20°
Economia
Dólar
R$ 5,31 -0,21%
Euro
R$ 6,27 +0,20%
Peso Argentino
R$ 0,00 +0,00%
Bitcoin
R$ 649,619,69 +0,01%
Ibovespa
143,546,58 pts 0.9%
Publicidade
Lenium - Criar site de notícias