No mês da mulher, a Frente Parlamentar Ambientalista reuniu parlamentares federais e estaduais, pesquisadoras e integrantes de organizações da sociedade civil para discutir o papel da mulher na luta pela defesa do meio ambiente.
Na opinião da coordenadora da Frente Ambientalista da Assembleia Legislativa da Paraíba, deputada Estela Bezerra (PSB), o colegiado tem sido fundamental para a produção de legislação e na mudança de mentalidade e de comportamento. A deputada estadual Marina Helou (REDE-SP), que coordena na Assembleia Legislativa de São Paulo a Frente Parlamentar Ambientalista, destacou a importância do ponto de vista das mulheres:
"Quando a gente discute meio ambiente, a gente está discutindo direitos humanos, acesso à qualidade de vida, recortes importantes como a questão do feminismo, como a questão do racismo e a questão das crianças na maternidade. A gente vem fazendo essa discussão aqui para os nossos encontros da frente parlamentar," ressaltou Marina. "A gente faz uma discussão bastante técnica, por exemplo da tarifa de água, em que a política pública tem impacto nas discussões teóricas que a gente, cada vez mais, sabe que são fundamentais e importantes na nossa sociedade,” completou.
Participação política
Na opinião da coordenadora da Frente Parlamentar Ambientalista do Senado Federal, Eliziane Gama (Cidadania-MA), para alcançar o objetivo de ampliar a participação feminina é fundamental incluir os homens no debate e promover uma mudança cultural:
"‘Eu vou proteger minha esposa, minha irmã, não é lugar para ela a política...’ Esse discurso às avessas a gente vê com muita frequência. Infelizmente a gente tem vivenciado hoje no Brasil. O Brasil é um dos países com menor participação de mulheres. Em todas as Américas, o Brasil é o segundo que tem a menor participação feminina,” disse a senadora.
Em participação feminina na política no continente americano, o Brasil só está melhor do que o Panamá, segundo estudo feito pelo Programa das Nações Unidas Para o Desenvolvimento (Pnud).
Por outro lado, a representação das mulheres na Câmara dos Deputados cresceu 50% nas eleições de 2018. Uma das eleitas é a coordenadora da Frente Parlamentar Mista em Defesa dos Direitos dos Povos Indígenas, deputada Joenia Wapichana (Rede-RR), que destacou a maior visibilidade à mulher indígena.
"Eu lembro quando era mais nova e saí pela primeira vez de Roraima. Eu imaginava que Manaus era um mundo enorme. Agora vocês imaginam eu em São Paulo. Olhar pela primeira vez esse mundão. Essa diversidade e essa visão que as mulheres têm incorporado às suas lutas,” disse.
Carta
Um dos objetivos da reunião da Frente Parlamentar Ambientalista no Congresso foi iniciar a produção de uma carta de mulheres parlamentares e de organizações da sociedade civil para os presidentes da Câmara, Arthur Lira, e do Senado, Rodrigo Pacheco.
Segundo Malu Ribeiro, diretora de Políticas Públicas da SOS Mata Atlântica, as questões da agenda climática e da segurança hídrica se impõem, mas o desafio maior agora é não deixar que as conquistas da legislação ambiental na Constituição Federal sejam perdidas.
Também participaram da reunião a teóloga do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil Romi Benck e a presidente da Associação de Órgãos Ambientais Municipais (Anamma), Andréa Struchel.