Integrantes da Comissão Externa da Câmara que acompanha as ações de combate à Covid-19 cobraram do governo federal nesta terça (16) o cumprimento do cronograma de entrega de vacinas, a inclusão de categorias nos grupos prioritários e os critérios de distribuição das doses aos estados e municípios.
A gerente do Programa Nacional de Imunização (PNI), Franciele Fontana, informou que 424, 9 milhões de doses já estão com contratos de compra fechados e outras 151 milhões dependem de negociações. Até agora, segundo o governo, já foram distribuídas 24,7 milhões de doses e 11,9 milhões foram aplicadas. Os 29 grupos prioritários somam mais de 77 milhões de pessoas, incluindo pessoas com comorbidades.
"A gente reduz em torno de 70 a 80% do impacto da pandemia, porque é onde mais morrem pessoas; atender os outros grupos para manutenção dos serviços essenciais e as populações vulneráveis e, na sequência, atender toda a população brasileira que tenha indicação de imunização para ser vacinada”, completou Franciele.
A preocupação dos parlamentares é que os números divulgados pelo Programa Nacional de Imunização incluem doses de vacinas ainda não aprovadas no Brasil e há atraso nas entregas dos laboratórios, fazendo com que o cronograma seja revisto frequentemente. Também foi questionada a necessidade de reservar vacinas para a aplicação da segunda dose. A deputada Adriana Ventura (Novo-SP) reclamou que falta previsibilidade e transparência na vacinação.
“Todo brasileiro tem o direito de saber quando será vacinado, seja em agosto, seja em setembro, seja em dezembro, seja no ano que vem. Agora, essa previsibilidade é supernecessária.”
Gerente de inovação do Butantan, Cristiano Gonçalves afirmou que 23 milhões de doses terão sido entregues até o final de março e há um contrato com o Ministério da Saúde para 54 milhões de doses até setembro.
Na Fundação Oswaldo Cruz, a presidente, Nisia Trindade, relatou que a entrega de insumos já foi regularizada e começa a produção nacional da vacina de Oxford. Das vacinas já prontas, serão disponibilizadas 20 milhões de doses a partir de abril, para completar 100, 4 milhões de doses em julho. Ela acredita que a pandemia traz um aprendizado sobre a complexidade da produção mundial de vacinas.
“Será fundamental repensar essa ordem global de países ficarem, muitas vezes, com cinco vezes o número de vacinas do seu país e uma nação como a nossa, que está enfrentando infelizmente a dificuldade que estamos enfrentando nesse momento, com o agravamento da pandemia, não possamos ter um número maior de doses, sem falar de países da África, sem falar dos nossos países irmãos da América Latina, com a mesma dificuldade de acesso a vacinas.”
O gerente de Medicamentos da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Gustavo Mendes, informou que há reuniões previstas sobre a vacinas russa Sputnik V, a indiana Covaxin, a norte-americana Janssen e a chinesa Cansino Biotech. A Anvisa também está acompanhando estudos laboratoriais de outras três vacinas nacionais e quatro estrangeiras.
Variantes
Os representantes da Fiocruz e do Butantan ressaltaram que há uma preocupação mundial com as variantes do coronavírus. Gustavo Mendes, gerente da Anvisa, explicou que ainda faltam dados sobre as diversas configurações do vírus.
“Nós questionamos todos os fabricantes sobre a eficácia das vacinas quanto às variantes de interesse epidemiológico, especialmente a circulante no Brasil. Nós questionamos, alguns estudos foram propostos para mostrar esses dados para gente, mas nós ainda não recebemos resultados. ”
Durante a audiência pública, o representante dos secretários estaduais de educação, Nereu Mansano, destacou a necessidade de que medidas rigorosas de combate à pandemia possam ser tomadas paralelamente à vacinação. Já o representante dos secretários municipais de saúde, Hisham Hamida, ressaltou a importância da aprovação do Orçamento de 2021 para a estratégia de imunização.