A produção industrial paranaense fechou o ano de 2020 com uma queda de 2,6% em comparação a 2019. O resultado negativo já era esperado por conta do impacto da pandemia do novo coronavírus na economia global. Mas, os dados do IBGE, divulgados nesta terça-feira (9 de fevereiro), mostram recuperação da indústria do Estado e apontam para um desempenho positivo em 2021. O presidente do Sistema Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), Carlos Valter Martins Pedro, ressalta que a rápida retomada após os primeiros impactos da pandemia se deveu principalmente à diversificação do setor industrial paranaense. “O Paraná possui uma indústria forte e diversificada. Mesmo com alguns setores encontrando mais dificuldades para sair da crise, a maioria das indústrias conseguiu recuperar o dinamismo de seus negócios, minimizando as perdas iniciais e criando perspectivas favoráveis para os próximos meses”, afirma. Marcelo Alves, economista do Sistema Fiep, explica como foi a oscilação da produção industrial do Estado com a pandemia. “Tivemos dois meses com desempenhos muito ruins em 2020, março e abril, por conta da pandemia. Em maio, a indústria paranaense já começou a se recuperar e seguiu dessa forma até o fim do ano, em um claro movimento de recuperação”, analisa. O bom desempenho da indústria nos outros meses do ano, no entanto, não foi suficiente para recuperar as perdas geradas em função da crise sanitária. De acordo com os números do IBGE, nos meses de março e abril de 2020, no auge da pandemia de Covid-19, a produção industrial paranaense registrou quedas sucessivas de 4,3% e 28,2%, respectivamente, em comparação aos meses imediatamente anteriores. “Foram resultados muito negativos porque nesses meses houve fechamento de fábricas, paralisação da produção, interrupção das vendas no comércio e queda drástica do consumo”, observa Alves. “Foi um momento de muita apreensão em relação ao cenário futuro não apenas no Brasil, mas em todo o mundo”, lembra. O desempenho do Paraná ao longo de 2020, embora negativo, com queda de 2,6% na produção industrial, ficou acima da média nacional, que recuou 4,5%. “Foi um ano muito complicado, quase ninguém conseguiu recuperar as perdas acumuladas nos meses de março e abril”, observa o economista. Segundo ele, diante desse cenário, os números comprovam que o Paraná melhorou muito o seu resultado. Um dado que comprova a velocidade da recuperação no Estado e indica perspectivas positivas para 2021 é o resultado do último mês do ano. Dezembro de 2020 registrou aumento de 2,8% na produção industrial paranaense em comparação ao mês anterior. O crescimento paranaense no período foi superior à média nacional, que ficou em 0,9%. Política pública Para o economista da Fiep, um fator decisivo na velocidade da recuperação da indústria foi a intervenção dos governos (federal e estadual) com políticas públicas. “A ação dos governos, na dilação de prazo de pagamentos de compromissos e o auxílio às empresas com crédito, fez com que se reduzissem as demissões e voltassem as contratações no setor. Por outro lado, o auxílio emergencial foi essencial para a manutenção do consumo”, analisa. Setores De acordo com o IBGE, quatro setores industriais paranaenses, apresentaram resultados positivos em 2020: fabricação de produtos de metal (+14,30%), alimentos (+9,30%), minerais não metálicos (+8,10%) e máquinas e aparelhos elétricos (+8,00%). Outros três setores tiveram resultados muito ruins: automotivo (-32,20%), máquinas e equipamentos (-18,20%) e outros produtos químicos (-8,10%). O setor automotivo, muito embora tenha apresentado boa recuperação no mês de dezembro, foi um dos piores em termos de recuperação no ano e, como é um dos principais da indústria paranaense, impactou fortemente o resultado geral. O setor de alimentos se destacou pelo bom desempenho no mercado interno e nas exportações, com destaque para frango, óleo de soja e açúcar. Emprego Apesar da queda na produção no acumulado do ano, o saldo de empregos foi positivo na indústria do Paraná, com 24.799 vagas. “Em abril tivemos 15 mil demissões e, em maio, 7,4 mil, por conta do fechamento de fábricas e interrupção ou redução na produção em algumas plantas industriais, mas, mesmo assim, no acumulado do ano o saldo foi positivo”, conclui o economista. |