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Bituruna, capital paranaense do vinho, busca a Indicação Geográfica (IG)

Combinação de clima, solo, temperatura e umidade resulta em uvas com menor teor de acidez em Bituruna

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22/01/2021 às 20h05
Bituruna, capital paranaense do vinho, busca a Indicação Geográfica (IG)

Produzidos em Bituruna, no sul do Paraná, há 80 anos, as uvas e vinhos motivaram a mobilização para pleitear a Indicação Geográfica (IG), na modalidade Indicação de Procedência, junto ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI). O pedido da IG é para o vinho produzido com as variedades de uvas bordô e casca dura (também conhecida como martha), da espécie americana Vitis labrusca. A iniciativa é da Associação dos Produtores de Uva e Vinho de Bituruna (Apruvibi), com apoio do Sebrae/PR e Prefeitura de Bituruna. O município, inclusive, foi reconhecido como capital paranaense do vinho, pela Lei nº 20.241, de 18 de junho de 2020.
 
A enóloga Michele Bertoletti Rosso, presidente da Apruvibi, integra a quarta geração da família que produz uvas e tem uma vinícola em Bituruna.
 
“A produção de uvas e vinhos no município começou com mudas vindas do Rio Grande do Sul, há 80 anos. Solicitamos apoio do Sebrae para comprovar que os vinhos e uvas produzidos aqui são diferentes”, explica. O fórum Origens Paraná e o IDR (Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná - Iapar - Emater) também apoiam o processo.
 
Michele conta que o pedido de IG é restrito à delimitação geográfica do município. Atualmente, Bituruna conta com quatro vinícolas e 94 produtores de uvas, a grande maioria da agricultura familiar. Segundo dados do IDR, são 95 hectares de cultivo de uvas em fase de produção e 20 hectares em fase de implantação, o que corresponde a uma produção média anual de 1.034 toneladas de uva. O processo para o reconhecimento começou há oito meses, com a reestruturação da Apruvibi.

“As características de altitude, amplitude térmica, clima e solo resultam em condições específicas e características únicas nos vinhos produzidos em Bituruna”, ressalta Michele.
 
A enóloga dá exemplos. A uva bordô, em outras regiões, é mais ácida e usada em cortes com outras variedades, na produção de vinhos. Em Bituruna, pelas condições, é uma uva frutada, possibilitando “a produção de um vinho aveludado, macio, com 100% de uva bordô.”
 
Já a uva casca dura tem melhor maturação no município do que em outras regiões, segundo Michele. Um vinho produzido pela vinícola da família dela, a partir da uva foi premiado com a medalha de ouro em um concurso, no ano passado. “A casca dura tem aqui uma maturação diferente, que resulta em aromas diferenciados”, completa Michele.
 
Alyne Chicocki, consultora do Sebrae/PR, conta que a instituição contribuiu em todo o processo de montagem do dossiê, além de colaborar com o estatuto da associação, caderno de especificações técnicas, signo distintivo, rastreabilidade e normas de produção, entre outros quesitos.
 
“Para ter o reconhecimento de Indicação Geográfica, além de pertencer ao território de Bituruna, é preciso produzir conforme as especificações do caderno técnico”, alerta Alyne.


Legenda da foto (crédito - Michele B. Rosso)

Pelas características, vinícolas de Bituruna produzem vinho apenas com uvas bordô, diferentemente de outras regiões do país


Valorização
O movimento em busca da Indicação Geográfica, além de fortalecer a cadeia produtiva de uvas e vinhos, também pretende despertar o interesse dos consumidores. “A intenção é que as pessoas passem a olhar com mais atenção para os produtos regionais e diferenciados. Os vinhos e uvas de Bituruna têm características únicas resultantes do terroir [termo em francês que resume a interrelação peculiar entre o clima, relevo, temperatura, umidade e solo de um determinado lugar sobre a identidade de um vinho]”, destaca Alyne.
 
A consultora do Sebrae/PR ressalta que os países europeus perceberam há muito tempo a importância das Indicações Geográficas para valorização do produto local. “Lá, existem mais de quatro mil IGs. No Brasil, são 73”, enumera. O Paraná tem, atualmente, nove IGs. O reconhecimento mais recente foi o das balas de Banana de Antonina, no final do ano passado.
 
A região já conta com uma IG, que é a erva-mate São Matheus – do sul do Paraná. Completam a lista: o melado de Capanema; a goiaba de Carlópolis; o queijo de Witmarsum; a uva de Marialva; o mel do Oeste do Paraná; o mel de Ortigueira; e o café do Norte Pioneiro. Do litoral, aguardam a certificação o barreado, a farinha de mandioca e a cachaça e aguardente de Morretes.
 
Nesta sexta-feira, dia 22, às 19h, acontece o lançamento do signo distintivo dos Vinhos de Bituruna, além de celebrar o protocolo de solicitação da IG junto ao INPI, que vai avaliar o processo. O evento pode ser acompanhado pelo Facebook da Prefeitura do município.

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