O prédio que abriga o Cine Teatro de Palmeira, nos Campos Gerais, tem 828 metros quadrados e é de 1951. O imóvel de estilo neoclássico tem o nome de Cherubina Rosa Marcondes de Sá, Viscondessa do Tibagi, moradora de uma antiga casa que ocupava essa mesma esquina e mãe de Jesuíno Marcondes de Oliveira e Sá, filho da terra, amigo de Dom Pedro II e que chegou ao cargo de Ministro de Estado dos Negócios da Agricultura, Comércio e Obras Públicas.
O espaço do teatro está sendo totalmente revitalizado. O investimento é do Governo do Estado e a entregue acontece em 2021. O teatro está localizado na Praça Marechal Floriano Peixoto, ao lado da Igreja Matriz, onde a cidade que já ultrapassou 200 anos começou a se formar. O prédio também era sede da prefeitura até este ano. Pela divisão, a administração ocupava os três pisos com janelas para a rua, enquanto o cinema ficava em uma das laterais, na Rua XV de Novembro, como “pano de fundo”.
Ficção e realidade conviveram lado a lado durante mais de cinco décadas, inclusive com o Cine Teatro ajudando na composição de renda do município. Mas os anos recentes foram marcados pela necessidade de encontrar um novo paço municipal no Centro Cívico, diante do aumento da população e do atendimento ao público, e de resgatar os anos de glória da cultura, uma vez que esse espaço com auditório estava desativado há dez anos.
É nesse palco de quase 70 anos de história que ocorre uma das obras mais emblemáticas do Governo do Estado na seara cultural: a revitalização completa do Cine Teatro, orçada em R$ 1.371.773,29, iniciada em setembro de 2019. A intervenção se soma ao projeto municipal de colocar nas antigas salas da prefeitura a Secretaria de Cultura, o Instituto Histórico e Geográfico, a Biblioteca Municipal, a Sala de Escoteiros, um museu municipal e uma Sala de Artes Plásticas, formando um mosaico artístico.
“O paranaense tem muito orgulho de sua história e de suas tradições. Estamos colocando de pé um novo teatro municipal em Palmeira, capaz de atrair novos espetáculos, shows, apresentações, e de engajar a comunidade em ações culturais”, afirma o governador Carlos Massa Ratinho Junior. “Obras como essa ajudam o Estado a desenvolver cidades mais sustentáveis, mais abertas e mais modernas”.
OBRAS - O convênio de financiamento foi feito com a Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Obras Públicas. As obras contemplam substituição do telhado, novo forro em gesso, revisão elétrica, iluminação, acessibilidade, mezanino, revestimento acústico, reformas nos banheiros, nos camarins e no palco, restaurações no piso e nas cadeiras, e aquisição de novos equipamentos de som e de cena.
“Mesmo com a pandemia, continuamos investindo recursos nos municípios para melhorar a qualidade de vida dos cidadãos paranaenses. O Cine Teatro de Palmeira é uma das principais demandas da região dos Campos Gerais porque ele tem um peso simbólico para um município que ajudou a conceber o Estado como o conhecemos atualmente”, destaca o secretário de Desenvolvimento Urbano e Obras Públicas, João Carlos Ortega.
ESTRUTURA – O prédio fica localizado no Centro de Palmeira, do lado direito da BR-277 para viajantes que chegam de Curitiba. É uma estrutura comprida de três pisos e, originalmente, com palmeiras na calçada da frente. O imóvel é branco e salmão, tem janelas de madeira e pequenas sacadas de ferro, com dois grandes arcos de vidro na entrada. As portas internas são de madeira e com as caixas largas, os corredores são amplos e as salas remetem a um tempo quase monárquico.
O Cine Teatro em si começa poucos metros depois das portas principais da esquina. É uma estrutura de quase 9 metros de altura, 36,3 metros de comprimento e 14 metros de largura, em formato de rampa, o que confere o aspecto de sala de cinema. No fundo há dois camarins, banheiros e a estrutura cênica e de palco – esse último tem formato oval, com tablado de madeira sobre uma estrutura de concreto.
A execução da obra alcançou 34,11% em novembro, mas, descontados os equipamentos, que são os investimentos mais caros, já há 70% concluído na parte de construção civil. A expectativa é de entrega dessa utopia no primeiro semestre de 2021. O teatro terá 600 assentos na área comum e nos camarotes.
A revitalização só não envolve as paredes externas do prédio tombado pelo patrimônio histórico municipal – o resto foi retirado do lugar para recuperação. As antigas telhas de barro foram substituídas por estruturas metálicas e o forro em gesso, com desenho ondulado, imitando o mar, está sendo refeito com a configuração do esboço original. Também há um mezanino em formato de escada (três lances), para 200 lugares.
Os tacos originais de mogno do piso foram restaurados e lixados e serão reinstalados ainda neste ano, e em seguida haverá a recolocação das cadeiras de embuia, que são da época da construção e que também passaram por reforma e estofamento.
Segundo o cronograma das obras, o ano que vem deve ser reservado para a implementação das grandes cortinas, dos equipamentos de som, do ar-condicionado e dos carpetes que cobrirão as paredes laterais para a preservação da acústica do ambiente.
MAIOR ANSEIO - Para Rafael Gustavo Mansini, chefe do Escritório Regional de Ponta Grossa da Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Obras Públicas, a grande qualidade desse investimento é a proximidade com a demanda da população. “Temos um contato muito próximo com os municípios e esse, com certeza, é o maior anseio de Palmeira”, afirma.
EXPECTATIVA – Valdir Jonas Filho, secretário de Cultura, Patrimônio Histórico, Turismo e Relações Públicas, explica que a modernização tem um peso muito simbólico para Palmeira porque está no coração do município e em um prédio que abriga eventos como formaturas, apresentações culturais e exposições. O teatro fazia parte do dia a dia da prefeitura e agora vai ser o palco mais vistoso de um espaço cultural que tem como objetivo preservar a memória e estimular inovações do futuro.
“Tem um cidadão que entrou em contato com a gente pelo Facebook do município e disse: não precisa asfaltar a minha rua, mas terminem esse teatro, ele é a obra mais desejada do município”, conta o secretário. “O palmeirense é muito saudosista, tem um carinho gigante pela sua história. Palmeira, Castro, Paranaguá, Ponta Grossa, Lapa e Curitiba são as cidades mais antigas do Paraná. Temos que ter um olhar clínico sobre a cultura, a história, para manter esse legado”.
O engenheiro civil Aldemar Viante, fiscal da obra, frequentava o Cine Teatro quando criança e jovem, nos anos 1970 e 1980. Essa foi, segundo ele, a época de ouro da vida social em torno da telona no município, repetindo o movimento dos cinemas de rua das capitais e de cidades interioranas. A partir dos anos 1970 houve uma ruptura e as salas começaram a sair das calçadas para entrar nos shopping centers.
“Essa obra é uma necessidade da comunidade. Era um cinema com muita história, localizado em um lugar especial, e que estava há muitos anos desativado, sendo usado apenas para formaturas”, afirma. “Agora a expectativa é de que ele seja parte de um circuito cultural maior em Palmeira. É o que desejamos entregar”.
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Governo do Estado investe R$ 3 milhões em teatros
O Governo do Estado investe quase R$ 3 milhões em novos teatros municipais no Paraná. As obras ainda estão em andamento em Palmeira e Assis Chateaubriand (Oeste) e a estrutura de Ipiranga (Campos Gerais) já foi finalizada. Essas casas culturais foram financiadas com recursos da Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Obras Públicas.
O investimento de R$ 1.065.330,98 no Teatro Municipal de Assis Chateaubriand, vai auxiliar na conclusão da estrutura, iniciada em 2003 e que até hoje não ficou pronta, tal qual uma novela que foi escrita sem ponto final. Os recursos envolvem toda a parte de urbanização externa, estacionamento para 57 vagas e reparos finais na parte estrutural, das estruturas metálicas das janelas ao forro, passando pela revisão das barras antipânico das saídas de emergência.
A última medição (novembro) indica quase 64% de conclusão, prevista para o primeiro semestre do ano que vem. A ideia do projeto é colocar Assis Chateaubriand definitivamente na rota cultural do Estado. Atualmente os grandes centros do Oeste estão em Cascavel, Foz do Iguaçu e Toledo.
O teatro de Ipiranga foi finalizado em julho deste ano e contou com investimento de R$ 756.427,42. É uma estrutura de 235 metros quadrados e 100 lugares com camarins, banheiros e um palco. O projeto foi concebido originalmente pela prefeitura municipal e se somará a um novo Centro Cultural. O auditório fica na entrada do município de 15 mil habitantes.
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