A palestra desta quinta-feira (8/10) do curso Administração da Justiça no novo contexto – trabalho em equipe, promovido pela Escola da Magistratura (Emagis) do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), tratou da anatomia da motivação, a partir de uma abordagem biológica com o nutrólogo e especialista em medicina preventiva Maurício Cecon.
A abertura do evento, que ocorreu totalmente online, ficou a cargo do diretor da Emagis, desembargador federal Márcio Rocha, enquanto a mediação da palestra foi realizada pelo juiz federal Emmerson Gazda.
Motivação como expressão do caráter biológico
Maurício Cecon, que é médico perito da Justiça Federal em Jaraguá do Sul (SC), iniciou sua manifestação reforçando que a motivação não é algo de caráter apenas comportamental. Conforme o nutrólogo, ela tem origens orgânicas desencadeadas a partir de necessidades humanas de sobrevivência que foram evoluindo ao longo do tempo.
O palestrante salientou que a motivação é o processo pelo qual o indivíduo é impulsionado a partir de alguma perturbação. “Esse é um mecanismo muito importante, que opera sem que possamos perceber e que não podemos evitar, por ser algo biológico”, disse. O médico lembrou que algumas pessoas desejam estar em estresse constante, em virtude da liberação dos hormônios adrenalina e cortisol, que proporcionam sensações de força, rapidez e alerta. Mas ele ponderou que “essa falsa sensação de motivação é apenas uma reação biológica em fase de apresentação aos estímulos estressores”.
Os riscos do cortisol
Cecon argumentou que o corpo humano não foi projetado para viver com esses dois hormônios em funcionamento o tempo todo e que isso, inclusive, pode ocasionar problemas graves como a exaustão. O cortisol, segundo ele, envenena as células cerebrais, prejudica a memória e até mesmo o poder de decisão. “Nossas avós nos diziam para não decidir nada com a cabeça quente e elas estavam certas. O excesso de motivação pode nos levar a tomar decisões péssimas”, apontou.
De acordo com o médico perito, o cortisol aumenta a circunferência abdominal, diminui a densidade óssea (principalmente nas mulheres), prejudica o sistema imunológico e a produção de outros hormônios, como os sexuais, além de gerar comportamentos de depressão e fadiga.
Fases do estresse
Cecon demonstrou que o estresse possui quatro fases. A primeira é o contato com o evento estressor, que provoca sudorese, palpitações e extremidades frias. A segunda etapa é caracterizada pela defesa do corpo por meio da liberação de adrenalina e cortisol, quando é gerada a sensação de motivação. No terceiro estágio, ocorre um equilíbrio das defesas orgânicas com a presença constante do estressor (que pode ser a realização de atividades diárias, como a administração de problemas no trabalho, no cotidiano familiar e na vida social). Os sintomas dependem da capacidade individual de defesa e do potencial de agressão do estresse. O quarto ciclo é o da exaustão, em que há a ruptura do equilíbrio e o predomínio do estresse sobre as defesas do organismo. Nessa fase, a memória e a concentração ficam muito comprometidas e a pessoa apresenta sintomas depressivos e fadiga permanente.
“Vivemos em um mundo muito mais evoluído do que o nosso corpo. Enquanto uma mudança no campo da informática precisa de uma semana para acontecer, no corpo humano, pode levar cinco mil anos. Ainda temos apêndice, que não serve para nada. Não acompanhamos a evolução tecnológica”, enfatizou.
Ajuda ao cérebro
Por fim, a palestra tratou da importância de manter o cérebro fortalecido a partir do aumento da sua oxigenação, com atividades aeróbicas, bem como do consumo de ômega 3, de vitamina E, de óleo de coco e de oleaginosas como o abacate. Ceccon reforçou a necessidade de evitar o consumo de açúcar, que causa danos oxidativos ao órgão.
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