A indústria brasileira é muito dependente do valor do Real diante das principais moedas internacionais. Basta o dólar e o euro dispararem para que os preços de produtos importados fiquem mais altos. Da mesma forma, muitos produtos nacionais contam com componentes importados, fazendo o preço subir da mesma forma.
Em 2018, o dólar chegou a R$ 3,20 em meados de março. Hoje, a moeda americana está sendo negociada a R$ 5,62. A alta fez o preço de vários carros subirem. A reportagem do iG Carros lista alguns dos exemplos mais absurdos.
No final de 2017, um cliente poderia adquirir o Chevrolet Camaro SS por R$ 310 mil. Na última semana, o modelo renovado chegou ao Brasil pela bagatela de R$ 377 mil na mesma versão. Ou seja, houve acréscimo de R$ 67 mil no valor do muscle car americano.
O Camaro evoluiu bastante neste período. O câmbio de oito velocidades foi substituído por uma unidade mais moderna, com dez. Além disso, o Camaro ficou mais conectado, com sistema MyLink com internet embarcada. De qualquer forma, o aumento do preço chama atenção.
Em meados de 2014, a Audi fez uma estratégia ousada para impulsionar as vendas do A3 no Brasil. O modelo foi lançado em uma versão mais básica, Attraction 1.4, por R$ 94.800. Quem quiser comprar um Audi A3 Sedan na versão mais barata, Prestige, em 2020 terá que desembolsar R$ 132.990; diferença de R$ 38 mil.
O A3 Sedan 2020 também está mais equipado, com teto-solar panorâmico, display digital e bancos revestidos em couro. Vale lembrar que a nova geração está confirmada para o Brasil e deverá chegar às lojas em meados do ano que vem.
A BMW também subiu o preço de seus produtos no Brasil nos últimos anos. O hatch 120i Sport ActiveFlex, modelo de entrada do Série 1 em 2015, partia de R$ 109.950. Em sua nova geração, o 118i Sport GP 2020 parte de R$ 197.950 na versão mais barata. São R$ 88 mil de diferença.
Vale lembrar que a geração anterior era produzida em Araquari (SC), enquanto o novo modelo é importado de Leipzig (Alemanha). De qualquer forma, o Série 1 perdeu importância nos últimos anos e a BMW optou por mantê-lo como carro de nicho.
Quando a Toyota lançou a linha 2016 do Corolla em 2016, a versão GLi com câmbio CVT tinha preço sugerido de R$ 69.990. A mesma versão está disponível pela bagatela de R$ 110.190 no modelo 2020. A variação é de R$ 41 mil em apenas quatro anos.
O preço não afetou o fôlego nas vendas, pois o Toyota Corolla continua vendendo muito mais que Civic, Cruze e Jetta. Vale lembrar que o modelo continua sendo feito no Brasil em sua nova geração, que agora conta com uma versão híbrida inédita.
Achou que apenas os modelos premium ficaram mais caros nos últimos anos? Achou errado. Em 2015, o Fiat Uno 1.0 Vivace partia de R$ 26.370 com motor 1.0 e visual "pré-facelift". Quem quiser adquirir um Uno 1.0 em 2020 terá que desembolsar R$ 46.590 no modelo Attractive; ou seja R$ 20 mil de diferença.
O Fiat Uno Attractive é bem mais equipado que o Vivace, mas isso não animou o público da marca. Considerando que o Argo parte de R$ 53 mil, é melhor fazer um esforço e levar o hatch mais caro.