A Fundação Araucária e a Superintendência Geral de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti) lançaram nesta sexta-feira (31) a Rede Paranaense de Pesquisa Genômica. O objetivo do programa é avançar no desenvolvimento de metodologias aplicadas ao diagnóstico e prevenção de doenças de base genética, em especial a Covid 19 e doenças oncológicas.
A ação inicia com um investimento de mais de R$1,5 milhão da parceria entre a Araucária, Seti e Prefeitura de Guarapuava, além de R$ 312 mil do Instituto para Pesquisa do Câncer (IPEC-Guarapuava) para custeio e pagamento de bolsas de pesquisa de doutorado e pós-doutorado.
O coordenador do curso de Medicina da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro) e presidente do Instituto para Pesquisa do Câncer (IPEC), David Livingstone Figueiredo, coordenará as ações da Rede Genômica que, também, incluirá a pesquisa básica e aplicada voltada à agricultura e pecuária.
De acordo com o coordenador, uma rede estadual é algo inédito no País. Segundo ele, esta integração dos principais estudos e pesquisadores de inovação em genômica com abrangência estadual, não existe no Brasil. Essa junção de pesquisadores nas diferentes áreas que utilizam a plataforma genômica permite a construção de projetos amplos e, especialmente, translacionais. “De aplicação prática no tratamento das diferentes doenças, mas também na questão agropecuária.”
O superintendente da Seti, Aldo Bona, disse que o Napi Genômica resultará em uma melhor articulação entre os ativos tecnológicos do Paraná e em parceria com outros estados e países, relacionados aos estudos sobre o genoma. “Inicialmente haverá uma atenção especial à Covid 19, mas com foco também nas pesquisas relacionadas ao câncer. Os estudos genéticos da evolução destas doenças podem contribuir muito para uma medicina preditiva e não apenas curativa.”
AVANÇO CIENTÍFICO – O expressivo desenvolvimento da genômica após 20 anos da publicação do primeiro sequenciamento do genoma humano possibilitou à comunidade científica acesso a um vasto conhecimento acerca da estrutura e função dos genes, bem como a melhor compreensão da base molecular de numerosas doenças genéticas.
Recentemente a Unicentro participou como sócia fundadora do Instituto para Pesquisa do Câncer (IPEC - Guarapuava), que integrará o Napi Genômica. O Instituto é uma entidade filantrópica, sem fins lucrativos, que desenvolve pesquisa básica e translacional voltada para a prevenção e tratamento do câncer, além de promover a formação de recursos humanos especializados em análise genômica e medicina de precisão.
O coordenador da Rede Paranaense de Pesquisa Genômica, David Livingstone Figueiredo, lembrou que, há alguns meses, a equipe já vem trabalhando em rede com mais de cem pesquisadores em parcerias com universidades de outras regiões do País e de fora do Brasil.
“Não há como pensar em medicina ou agricultura e pecuária, personalizada e individualizada, sem que se faça a genômica”, afirmou. “Nas últimas décadas, a partir do Projeto Genoma Humano, o impacto na ciência e na agricultura e pecuária foi enorme. Permitindo a abordagem molecular das diferentes doenças e a medicina preventiva. As descobertas e sequenciamento genético das diferentes espécies também impactam na economia”, ressaltou.
Entre os pesquisadores que irão colaborar no desenvolvimento de projetos do Novo Arranjo de Pesquisa e Inovação estão os vinculados às universidades estaduais, federais e privadas como a PUC-PR, além dos que já são parceiros do IPEC como pesquisadores da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto – Universidade de São Paulo (FMRP/USP), da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (FSP/USP), do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP), da Universidade de Illinois (UIC – USA) e da Universidade de Calgary (Canadá).
O diretor de Ciência, Tecnologia e Inovação da Fundação Araucária, Luiz Márcio Spnosa, afirmou que outro importante objetivo do Napi e da Rede Genômica é promover a formação de recursos humanos especializados em análise genômica e medicina de precisão, contribuindo desta forma, para tornar o Paraná um centro de inovação e de excelência em pesquisa. “A criação do Napi Genômica é um reconhecimento da competência instalada em torno da Unicentro, em Guarapuava, reconhecida nacionalmente como um importante centro de pesquisa. Entendemos que a Fundação Araucária deve se unir a este esforço já iniciado para alavancar, ainda mais, as pesquisas e a formação de recursos humanos especializados”.
O reitor da Universidade de São Paulo (USP) e presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa de São Paulo (Fapesp), Marco Antonio Zago, parabenizou o Estado pela iniciativa. “Eu admiro como o Governo do Estado do Paraná a prefeitura de Guarapuava entenderam a importância do apoio à pesquisa e como estão empenhados em fomentar esta Rede. Além da participação da iniciativa privada, resultando em uma mistura que dá certo.”
Destacou, ainda, o interesse em uma parceria em pesquisa genômica com a Fundação Araucária. “Quero convidar o presidente Ramiro para fazermos uma cooperação entre a Fapesp e a Araucária na área de pesquisa genômica”, disse.
Primeiros projetos – Inicialmente serão desenvolvidos três projetos no Napi Genômica:
O projeto está em curso e visa associar a variabilidade genômica dos pacientes e das cepas de coronavírus circulantes no Paraná, com a evolução clínica de três grupos de pacientes: aqueles com manifestações clínicas leve, moderada e grave.
Projeto que visa estudar a diversidade genômica da população de Guarapuava.
O projeto será fundamental para estabelecer as bases científicas para a implementação da medicina de precisão na cidade de Guarapuava.
O projeto usará abordagem de sequenciamento genômico de células únicas (single-cell genomics) para conhecer as vias gênicas ativas nos tumores associadas com resistência terapêutica. O projeto será desenvolvido com o início das atividades do Hospital do Câncer São Vicente.