Delator gravou Traiano em dois momentos

As denúncias incluídas contra Ademar Traiano (PSD) pelo deputado estadual Renato Freitas (PT) em suas alegações finais no processo a que responde no Conselho de Ética são oriundas de depoimentos e gravações feitas por Vicente Malucelli. Diretor da TV Icaraí, do grupo J. Malucelli, Vicente fez uma delação premiada em 2020 e, entre outras coisas, entregou dois áudios em que gravou Traiano falando sobre o contrato da TV Icaraí e o pagamento de uma suposta propina.

Os áudios ambientais parecem confirmar o que Vicente disse em sua delação: que Traiano e o então primeiro-secretário da Assembleia, Plauto Miró (União), teriam recebido R$ 100 mil cada. Supostamente, o dinheiro seria para a reeleição dos dois, mas durante as conversas fica aparente que Traiano pretendia dar outro destino para o dinheiro, pagando flores do casamento da filha e destinando parte da verba para uma conta de uma oficina mecânica.

A história começa em 2015, perto do momento em que a TV Icaraí teria de renovar seu contrato caso quisesse continuar produzindo o conteúdo para a TV Assembleia. Vicente, diretor-geral da empresa, teria sido chamado em uma salinha pelos dois deputados. Plauto, segundo ele, não falou nada. Traiano teria dito que precisava de uma contribuição para a campanha, e escreveu um número em um papel: 300.

Vicente disse que precisava falar com o acionista principal, Joel Malucelli, e que voltaria com uma resposta. Depois de alguns dias, teria ficado combinado que seriam pagos R$ 200 mil, sendo metade para cada deputado. A versão seria corroborada pelo próprio Joel Malucelli, segundo o documento do Ministério Público.

No primeiro áudio, fica implícito que Traiano já teria recebido metade do dinheiro, mas Plauto, que ainda não tinha recebido nada, não poderia saber disso. É nessa conversa que Traiano diz que o depósito de R$ 50 mil deveria ser feito na conta de uma oficina mecânica.

No segundo áudio, que teria sido gravado em outubro de 2015, Vicente Malucelli combina com Traiano o pagamento da segunda parcela. E o deputado diz que prefere receber o pagamento em casa.