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Transporte público ainda é ineficiente

Transporte público ainda é ineficiente

Redação
Por: Redação
10/01/2020 às 19h00 Atualizada em 10/01/2020 às 22h00
O mundo enfrenta um dos maiores gargalos da atualidade: o trânsito. A cada ano, 1,35 milhão de pessoas morrem em acidentes e até 50 milhões sofrem lesões não fatais que, muitas vezes, resultam em incapacidade. No ranking da OMS (Organização Mundial de Saúde), o Brasil está entre os países com o trânsito mais letal do mundo, sendo o terceiro em mortes em acidentes, atrás de, Índia e China. Para frear o crescimento da frota brasileira, uma lei federal de 2012 determinou que municípios com mais de 20 mil habitantes façam um Plano de Mobilidade Urbana (PMU), mas até este ano apenas 5% acataram a determinação. Agora, a Medida Provisória 906/19 aprovada em 20 de novembro, ampliou o prazo de elaboração do documento para 12 de abril de 2021. E quem não fizer o estudo terá o repasse de recursos federais suspensos para obras de mobilidade (construção de ciclovias, instalação de abrigos e pavimentação de trechos onde circulam ônibus do transporte coletivo). A especialista em Trânsito e Transportes, Engenheira Civil Bárbara Andrea Marchesini, registrada no Crea-PR (Conselho de Engenharia e Agronomia do Paraná), entende que o poder público não pode esperar até o fim do prazo para melhorar a mobilidade urbana dos municípios, que estão cada mais ‘inchados’. Nos últimos 10 anos, a frota paranaense cresceu 58%, saltando de 4.683.631 de veículos, em 2009, para 7.401.637 até outubro deste ano, segundo o Detran (Departamento de Trânsito do Paraná). Então tornar o transporte público eficiente para que a população deixe os veículos em casa tem sido um desafio cada vez maior para as cidades que não têm Plano de Mobilidade Urbana. Sem o documento que norteia o planejamento de longo prazo em mobilidade nas cidades brasileiras, os municípios têm respondido a ações civis do Ministério Público do Paraná. “Cidades com sistema de transporte público antigo enfrentam problemas jurídicos nas licitações do serviço. É que as prefeituras não fazem a gestão do sistema, não definem rotas, tarifas, linhas e nem pontos de parada. E se não há equipe técnica para discutir mobilidade nas prefeituras, o serviço fica nas mãos de empresas que visam lucro”, explica a Engenheira Civil. Bárbara reforça que a população só deixará o veículo individual em casa se o transporte público for atrativo, rápido, eficiente e confiável, melhorias possíveis quando há políticas públicas eficazes. Ela também ressalta que reduzir os carros nas ruas tornará o transporte mais rápido, seguro e humano, além de menos poluente. “Se medidas não forem tomadas, se outros modais não forem abrangidos, não teremos infraestrutura viária para absorver esses veículos que entram durante o ano no Estado. Então o Plano vem para discutir, ouvir as necessidades da população e fazer projeções que garantam mobilidade satisfatória para toda a população”, conclui. Para o também Engenheiro Civil habilitado no Crea-PR e especialista em planejamento urbano, José Ricardo Vargas de Faria, o transporte coletivo é o mais eficiente em todas as esferas, do uso do combustível ao espaço ocupado na via. “Mas desde 2015, na comparação com o salário mínimo, o custo da tarifa vem aumentando. Antes, em Curitiba, por exemplo, o gasto com ônibus consumia 16,4% do salário mínimo e, em 2018, já comprometia 19% da renda. Na dinâmica que se coloca hoje, quanto menos usuários, mais a tarifa aumenta; e quanto mais a tarifa aumenta, o número de usuários é menor. Isso gera um ciclo vicioso”, explica. “E o custo não é apenas financeiro. Esse usuário não está, necessariamente, migrando para um sistema individual, como carro ou moto, ele está partindo para o transporte a pé ou de bicicleta. E isso pode não ser um aspecto positivo, porque, dependendo da distância, compromete o tempo das pessoas, a qualidade de vida.” Em Toledo, município localizado no Oeste do Paraná, o transporte público tem se mostrado eficiente a ponto de atrair parte da população motorizada. A informação vem de estudos realizados por uma empresa de Engenharia de Tráfego que apontaram que 30% dos usuários dos ônibus da cidade têm veículo individual, mas usam o transporte público por ser mais vantajoso e eficiente. Este foi o único exemplo positivo encontrado pela Engenheira Civil no Estado. Frota curitibana supera a da capital paulista Proporcionalmente, Curitiba tem mais veículos do que a metrópole São Paulo. A capital paranaense tem 0,740 veículo/habitante, contra 0,735 veículo/habitante dos paulistanos. Até o primeiro semestre deste ano, a capital paranaense acumulava 1,42 milhão de veículos, segundo dados do Detran-PR. Agora, se você acha ruim do jeito que está, saiba que tem como piorar – e pode não demorar muito. “Se o ganho real do salário tivesse continuado, como foi até 2013, a situação seria muito mais caótica, levaria a um problema incontornável, ninguém andaria mais. A recessão é que, de alguma maneira, deu uma folga. Mas, tendo um crescimento, isso vai voltar a ser um drama. Quanto mais renda, mais deslocamentos por automóvel”, diz o Engenheiro Civil Valter Fanini, um dos autores do Caderno Técnico sobre Mobilidade Urbana publicado pelo Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Paraná (Crea-PR). Como ninguém torce contra a geração de empregos, é bom se preparar: de 2007 a 2019, intervalo que inclui o período mais recente de crescimento econômico no Brasil, o número de veículos em Curitiba cresceu 47%, passando de 966,7 mil para 1,42 milhão – a maior parte são os carros, que respondem por 68% do total. “Não há obra que dê conta para que todos tenham carro. O espaço viário é limitado. Pode-se melhorar pontualmente, em áreas periféricas, mas não vai muito longe do que está aí. Não tem solução a não ser reduzir o número de automóveis”, afirma Fanini. Na tentativa de melhorar o trânsito, o município de Campo Mourão (PR), na década de 1999, retirou a maior parte dos semáforos. Também foi reduzido o limite de velocidade das ruas e avenidas para 40 km/h. Os reflexos das mudanças foram imediatos. Houve redução no número de acidentes e mortes no trânsito. Atualmente, a realidade é outra, por causa do aumento da frota. É que naquela época o município tinha 22 mil automóveis registrados no Detran-PR e agora são mais de 65 mil. De acordo com o vereador Edson Battilani, Engenheiro e conselheiro do Crea-PR em Campo Mourão, hoje o trânsito da cidade está entre os mais violentos do Estado e o número de veículos já exige estacionamento rotativo na área central, além da instalação de mais semáforos nos cruzamentos. “O estacionamento rotativo, inclusive, está em licitação”, destaca. Auxílio aos Engenheiros e prefeituras Lançado em julho em Ponta Grossa, o programa Cidades Experimentais do Detran-PR busca soluções inteligentes para melhorar a mobilidade urbana nos municípios paranaenses. Um termo de cooperação foi assinado com a prefeitura para o compartilhamento de informações do trânsito e o aperfeiçoamento de áreas técnicas necessárias para implementação do programa. A ideia é construir uma Rede Estadual de Cidades Experimentais com cerca de 100 municípios. No ecossistema digital, as cidades terão fomento para tráfego inteligente, educação, sustentabilidade, segurança e fiscalização no trânsito. As soluções tecnológicas serão desenvolvidas por startups paranaenses, com apoio das universidades. Outra ajuda aos Engenheiros e prefeituras vem do Crea-PR, por meio de um caderno técnico da Agenda Parlamentar sobre Mobilidade Urbana. O documento tem diversas informações como sobre as Diretrizes dos Órgãos Nacionais de Trânsito e Transportes; as Políticas Nacionais da Mobilidade Urbana Sustentável; o Programa de Infraestrutura de Transporte e da Mobilidade Urbana e Sistema Nacional de Trânsito; o Código de Trânsito Brasileiro; o Sistema Viário e Trânsito Urbano e a Municipalização do Trânsito. Fonte: CREA/PR
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