Novas imagens obtidas pela Banda B mostram um outro ângulo da confusão por conta do uso de máscara envolvendo o policial federal Ronaldo Massuia Silva, em uma padaria do bairro Bacacheri, em Curitiba. O Portal Banda B trouxe o caso em primeira mão em 12 de maio e, nesta segunda-feira (23), teve acesso a novos detalhes da briga (assista abaixo) que aconteceu no dia 29 de novembro do ano passado.
Uma testemunha da briga falou com a Banda B e afirmou que, além da briga pelo uso de máscara, o policial teria humilhado um garçom e o gerente que trabalham no estabelecimento: “Piranha, vadia. (…) Falou que era um merdinha”, afirmou a testemunha.
A testemunha relembrou que, naquela época, ainda estava em vigor o decreto municipal que obrigava a população a usar máscaras nos ambientes, em Curitiba. Segundo ela, Massuia já entrou na padaria sem máscara.
“Então foi solicitado para que ele colocasse a máscara. Ele se recusou e foi para a mesa com a moça que o acompanhava. Está tudo no vídeo”, começou.
Neste momento, como continuou a testemunha, um dos funcionários da padaria, em Curitiba, foi até a mesa e tentou conversar com Massuia. O garçom teria ressaltado a obrigação do uso da máscara e a determinação da Prefeitura.
“Ele levantou, falou que era policial e que o funcionário não sabia com quem estava falando. Começou a xingar uma garçonete que também falou para ele usar a máscara. Xingou ela de piranha, de vadia. Foi a maior baixaria”, destacou.
Com os ânimos exaltados, a testemunha, que estava acompanha de outras quatro pessoas, entre elas uma mulher grávida, disse que todos começaram a ficar nervosos. Por ser policial, os clientes pensaram que Massuia estivesse armado. Diante da situação, passaram a gravar a confusão e chamaram a polícia.
Segundo o relato da testemunha à Banda B, o policial federal parecia estar alcoolizado.
“Muito agressivo. Mandando o pessoal calar a boca e tal. A gente começou a filmar e ligamos para a polícia, mas, enquanto ela não chegava, continuamos com as filmagens porque era uma forma de nos resguardarmos, caso acontecesse alguma coisa”, reforçou.
A testemunha também comentou que pensou em ir embora, mas decidiu permanecer por medo. Segundo ela, caso o grupo saísse do local, o policial poderia ficar “mais nervoso ainda”.
Depois de um tempo, dois policiais entraram na padaria. A testemunha relembrou que, pelo fato de Massuia ser policial, a equipe não pôde fazer “muita coisa” por uma questão de hierarquia. No entanto, os PMs pediram para que o policial federal saísse do estabelecimento.
“Com toda a educação do mundo. Só que o cara continuou. Chamaram o gerente e ele [Massuia] falou que era um merdinha, humilhou o cara. A polícia, no fim, acompanhou o cara até a saída da padaria. Só que lá fora, ele continuou conversando e falando ‘um monte de coisa’ para os PMs. Esta parte eu não filmei”, falou.
“Eu sou carioca e nunca vi nada parecido com aquilo que presenciei aquele dia. Em questão de humilhação, agressividade, eu nunca vi nada parecido. Nada, nada”, finalizou à Banda B.
O primeiro trecho das imagens enviadas à Banda B mostram Massuia dizendo aos policiais, em uma espécie de intimidação, que iria chamar o “Mesquita” e o “Péricles”.
Provavelmente, as menções foram feitas ao delegado de Polícia Federal e atual secretário de Estado da Segurança Pública do Paraná e ao atual secretário de Defesa Social e Trânsito da Prefeitura de Curitiba, que também é coronel da reserva da Polícia Militar do Paraná e já comandou o 1º Comando Regional da PM, que fica na capital. Não há nenhuma comprovação da relação dos nomes citados com o policial Massuia.
Ao longo do vídeo, também é possível notar diversas ofensas direcionadas a um funcionário do estabelecimento, que possivelmente é o gerente da padaria, e, no fim da gravação, um palavrão direto do policial federal referente à comanda do comércio.
Assista ao vídeo, que contém vários palavrões:
Massuia também é o autor dos tiros que mataram o fotógrafo André Fritoli e deixou outros três feridos em um posto de combustíveis no bairro Cristo Rei, em Curitiba, no início de maio. Sobre este caso, o policial federal já foi denunciado pelo Ministério Público do Paraná (MP/PR) por homicídio triplamente qualificado e outras quatro tentativas de assassinato.
Na ocasião do indicamento a defesa de Massuia emitiu nota:
” O indiciamento do policial federal Ronaldo Massuia é um entendimento da autoridade policial e o primeiro passo do processo criminal. A defesa já solicitou diligências, além da reprodução simulada dos fatos, que vai esclarecer pontos sobre o trágico fato que pode alterar o relatório final do inquérito policial”, diz a nota.