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Objetos antigos podem ter sido granadas de mão explosivas há quase 1.000 anos

Uma nova análise de vasos de cerâmica antigos de Jerusalém dos séculos 11 e 12 apoiou as proposições anteriores de que alguns desses vasos podem ter sido usados ​​como granadas de mão antigas durante o tempo das Cruzadas.

27/04/2022 às 18h33
Por: Redação Fonte: https://universoracionalista.org/objetos-antigos-podem-ter-sido-granadas-de-mao-explosivas-ha-quase-1-000-anos/
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Fragmento 737, possivelmente uma granada de mão antiga. (Créditos: Robert Mason, Museu Real de Ontário)
Fragmento 737, possivelmente uma granada de mão antiga. (Créditos: Robert Mason, Museu Real de Ontário)

Traduzido por Julio Batista
Original de David Nield para o ScienceAlert

Artefatos arqueológicos esfero-cônicos – arredondados, com uma base em forma de cone – são encontrados em museus ao redor do mundo e estão ligados a tudo, desde o transporte de líquidos até o uso como cachimbos. Sua versatilidade e uso diversificado foram bem documentados, e a nova análise constitui mais uma evidência de que o transporte de explosivos era uma de suas funções.

Nesta última análise de quatro fragmentos de vasos encontrados no local do Jardim Armênio na cidade murada de Jerusalém entre 1961 e 1967, e mantidos no Museu Real de Ontário, os especialistas puderam examinar o resíduo dentro deles – descobrindo que um vaso continha o que parece ser material explosivo.

Um vaso esfero-cônico. (Créditos: Fundo Jacob S. Rogers, 1940/Domínio Público)

“Esta pesquisa mostrou o uso diversificado desses vasos de cerâmica únicos que incluem dispositivos explosivos antigos”, disse o arqueólogo molecular Carney Matheson, da Universidade Griffith, na Austrália.

“Essas vasos foram relatados durante o tempo das Cruzadas como granadas lançadas contra as fortalezas dos cruzados, produzindo ruídos altos e flashes de luz brilhantes.”

Através de uma variedade de testes químicos, os pesquisadores descobriram que os outros três recipientes provavelmente continham óleos, material perfumado e medicamentos. Isso corresponde ao que seria esperado de vasos como este.

O quarto vaso – um pote de grês com camadas muito grossas e sem decoração – continha resíduos que apontavam para a possibilidade de armazenamento de produtos químicos ou explosivos químicos. O enxofre foi um dos ingredientes detectados, juntamente com o mercúrio e o magnésio, todos em níveis mais elevados do que os outros vasos e o solo circundante. Pesquisas anteriores sugeriram que potes como este quarto recipiente podiam conter pólvora (também chamada de pólvora negra), inventada na China no século IX. No entanto, a equipe por trás do novo estudo acha que a mistura química aponta para um explosivo diferente.

“Esta pesquisa mostrou que não é pólvora negra e provavelmente um material explosivo inventado localmente”, disse Matheson.

Os pesquisadores não descartam outros usos potenciais para o quarto pote: talvez uma fonte de combustível para uma lâmpada, ou um recipiente para óleos, já que também havia a presença de ácidos graxos (que foram usados ​​nas primeiras armas térmicas). O que eles dizem é que a hipótese da granada “vale a pena considerar mais”, principalmente devido à forma, tamanho e espessura do vaso.

O tamanho e a forma de um dos vasos recuperados sugerem que foi usado como granada. (Créditos: Robert Mason, Museu Real de Ontário)

Relatos históricos de batalhas, incluindo o cerco de Jerusalém em 1187 d.C., mencionam o uso de armas semelhantes a granadas de mão e, de fato, relíquias semelhantes às descritas neste estudo também foram encontradas em outros lugares.

Esta é outra evidência para pesquisadores que procuram entender como a guerra foi travada há milhares de anos.

O que permanece incerto é o que exatamente estava dentro dessas primeiras granadas de mão. Uma mistura conhecida como fogo grego foi sugerida, mas não há consenso sobre qual é realmente a receita para isso – e seus fabricantes nunca documentaram o processo de fabricação.

“Mais pesquisas sobre esses vasos e seu conteúdo explosivo nos permitirão entender a antiga tecnologia explosiva do período medieval e a história das armas explosivas no Mediterrâneo Oriental”, disse Matheson.

A pesquisa foi publicada no PLOS One.

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