O corpo rochoso em estudo se chama Cleópatra, descoberto há cerca de duas décadas e localizado a 200 milhões de quilômetros da Terra em seu ponto mais próximo. Este asteroide tem, no entanto, uma forma peculiar: dois lóbulos, um maior do que o outro, ligados por um "pescoço" fino.
"Cleópatra é, verdadeiramente, um corpo único em nosso sistema solar", disse o astrônomo Franck Marchis, do Instituto SETI e do Laboratório de Astrofísica de Marselha, na França, que liderou o estudo com auxílio do Telescópio Muito Largo (VLT, na sigla em inglês) do Observatório Europeu do Sul.
Os cientistas obtiveram imagens detalhadas do asteroide que, segundo o estudo publicado na revista Astronomy & Astrophysics, teria criado suas duas luas a partir de seu próprio material. Estes satélites naturais improváveis foram chamados de AlexHelios e CleoSelene, inspirados nos nomes da famosa rainha do Egito.
Astrônomos capturam as melhores imagens de um asteroide peculiar em forma de osso, chamado de Cleópatra, que orbita o Sol entre Marte e Júpiter, e tem o dobro do tamanho da Muralha de Adriano (no Reino Unido).
A equipe utilizou imagens obtidas pelo instrumento SPHERE (Busca de Exoplanetas de Alto Contraste Espectropolarímetro, em português) para desenvolver modelos 3D precisos, capturando o asteroide de diferentes ângulos enquanto girava. Os astrônomos conseguiram capturar sua forma e volume, determinando que o astro em causa tinha 270 quilômetros de comprimento.
Um segundo estudo analisou as órbitas de AlexHelios e CleoSelene, acabando por constatar que elas eram diferentes do que se pensava anteriormente.
Ao estudarem as órbitas com maior precisão, os pesquisadores também recalcularam a massa do asteroide, que no final revelou ser 35% menor do que as estimativas anteriores.
O passo seguinte foi calcular a densidade de Cleópatra, que, assumindo que é um astro rico em metais, era inferior ao estimado. Tal sugere que o asteroide em forma de osso de cachorro tem uma estrutura porosa, sendo então classificado como "pilha de escombros" de rochas soltas que mal conseguem se manter juntas, e cuja formação teria ocorrido quando o material se aglutinou após um grande impacto.
Além disso, sua rotação é de cerca de 5,4 horas, pelo que caso seja acelerada, o corpo rochoso poderia se desfazer devido à força centrípeta, o que em parte explicaria a existência das duas luas.
Mín. 16° Máx. 29°