O diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) negou a existência de um órgão paralelo de espionagem. Alexandre Ramagem participou de audiência pública nesta quarta-feira (7) na Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara dos Deputados, onde foi questionado sobre denúncias divulgadas na imprensa de que a agência estaria agindo para produzir relatórios de cunho político e contra adversários do governo.
O deputado Carlos Zarattini (PT-SP) foi um dos que questionaram Ramagem sobre a atuação da agência. “Nós tivemos uma divulgação de um dossiê de policiais antifascistas. A gente nota que, em algum momento, as atividades de inteligência acabam indo para a área de investigação ou infiltração. E isso, no nosso modo de ver, não condiz com o objetivo principal desses órgãos de inteligência”, observou Zarattini.
Garantias
O presidente da Comissão de Relações Exteriores e autor do pedido para a realização da audiência, deputado Aécio Neves (PSDB-MG), também cobrou respostas. “Que garantias a sociedade brasileira pode ter de que a Abin não irá extrapolar os limites impostos pelo Estado Democrático de Direito, tornando-se uma espécie de polícia política de governos que se sucedem? Quais os limites, qual a segurança que pode ter a sociedade brasileira de salvaguardas, que instrumentos de controle pode ter a nossa ação de inteligência? ”
O diretor-geral da Abin disse que não existe uso político da agência. “O termo "Abin paralela" é uma invenção. Primeiro, se tiver algo paralelo na Abin, tem que ter um servidor atuando de forma ilícita e/ou a utilização do sistema de forma ilícita. Portanto, condenável. E nós apuramos e, até o momento, pelo contrário, demonstramos que não tem. Nós não fazemos monitoramento de pessoas”, respondeu Ramagem.
Vice-líder do governo, o deputado Sanderson (PSL-RS) reforçou. “É impossível haver uma "Abin paralela", porque todos os agentes da Abin são concursados e de carreira”, afirmou.
Reunião com a CIA
O diretor da Abin ainda respondeu às perguntas sobre combate ao terrorismo, a implantação da tecnologia 5G e a proteção de dados do governo. Ele também foi questionado sobre a reunião de representantes do governo brasileiro com agentes da CIA, a agência de inteligência dos Estados Unidos. Alexandre Ramagem afirmou que participou do encontro, que teve como objetivo melhorar a cooperação entre as autoridades.
“Nós temos que tratar, dialogar com as demais agências de igual para igual, dada a potencialidade e o valor do Brasil no cenário internacional. Conversar com a direção-geral da CIA foi um primeiro gesto de aproximação nosso para demonstrar que nós precisamos ser parceiros dessas grandes economias, não importa qual administração esteja”, observou.
A Agência Brasileira de Inteligência é vinculada ao Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República e tem como papel fornecer informações e análises estratégicas às autoridades do governo, sobre diferentes temas.
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