O ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello afirmou à PGR (Procuradoria-Geral da República) que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) pediu investigação interna no ministério após tomar conhecimento de denúncia de superfaturamento e corrupção na compra da vacina indiana Covaxin contra a covid-19.
A informação foi lida pelo líder do governo Bolsonaro do Senado, Fernando Bezerra (MDB-PE), durante a sessão da CPI da Covid que interroga o empresário Carlos Wizard nesta quarta-feira (30). O documento com manifestação de Pazuello foi enviado à PGR após senadores oposicionistas da CPI entrarem com notícia-crime contra o governo federal no STF (Supremo Tribunal Federal, devido às denúncias da Covaxin.
"General Pazuello determinou que o então Secretário Executivo Elcio Franco realizasse uma averiguação prévia sobre alegados indícios de irregularidades e ilicitudes, ele que foi responsável pela negociação, contratação e aquisição de todas as vacinas pelo Ministério da Saúde. Após a devida conferência, foi verificado ", leu Bezerra.
O esquema foi revelado após denúncia do servidor do Ministério da Saúde Ricardo Miranda, que foi reiterado pelo seu irmão, o deputado federal Luis Miranda (DEM-DF). Os dois foram à CPI na sexta-feira (25) e confirmaram acusações de que a estrutura do governo teria sido usada para acelerar a compra irregular da vacina.
Em resposta, o ministro-chefe da Secretaria-Geral, Onyx Lorenzoni, e assessor especial da Casa Civil Elcio Franco convocaram pronunciamento, onde acusaram os irmãos de forjar documentos.
Em depoimento à CPI, o deputado e o servidor rebateram a acusação e mostraram as notas fiscais que poderiam provar a denúncia. Em resposta, senadores governistas afirmaram que os documentos foram corrigidos logo depois.
Agora, a versão do líder do governo, Fernando Bezerra, foi de que Bolsonaro foi alertado pelos irmãos Miranda no dia 20 de março, e que teria pedido investigação interna do caso. O presidente, porém, já negou durante uma live que tenha sido informado pelo deputado de problemas no contrato.
Junto a outros integrantes do governo, Bolsonaro também nega as denúncias e afirma que a gestão ainda não "pagou um centavo" pelas doses da Covaxin.