Isolado no governo Jair Bolsonaro, o vice-presidente da República, Hamilton Mourão, afirmou na manhã desta quarta-feira (23) a jornalistas que o fato de expressar opiniões distintas, especialmente nas questões relacionadas ao combate à pandemia, não faz dele um opositor ao chefe do executivo federal.
"O presidente tem uma maneira de ver as coisas, ele é o decisor. Eu tenho outra maneira de ver e eu não vou contra as decisões do governo. Agora, algumas observações eu faço", afirmou o general da reserva do Exército.
Desde o começo da crise sanitária, Mourão tem se posicionado por uma comunicação mais assertiva para orientar a população no uso de máscaras e distanciamento social. Além disso, reclamou recentemente de ficar de fora de reuniões ministeriais, chegando a dizer que não sabe o que se discute no Planalto. "É muito chato o presidente fazer uma reunião com os ministros e deixar seu vice-presidente de fora", afirmou em 20 de junho. "Eventualmente, eu tenho que substituir o presidente e, se não sei o que está acontecendo, como vou substituir? Não há condições."
O distanciamento já sinaliza que o general não deve ser o candidato à reeleição à vice-presidente em 2022. Mas, para Mourão, a escolha de Bolsonaro se dará em um contexto de acordo político do que por relacionamento pessoal ou opiniões políticas divergentes.
"Agora essa questão da chapa, acho que está muito mais ligada a um acordo político do que a minha pessoa em si. Se eu fosse de um partido forte, pode ser que fosse necessária a minha presença, porque a eleição, polarizada como está desde esse momento, o presidente vai precisar de uma compoisição mais forte do a que o elegeu, que foi praticamente nenhuma em 2018, e consequentemente algum dos partidos que o apoiaram vai solicitar compor a chapa com o vice-presidente", alegou.