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Paraná tem sucesso no campo com uso de tecnologia e apoio das cooperativas

Afirmação foi feita na audiência pública “Tecnologia e Inovação no Agronegócio Paranaense”, promovida pelo deputado Homero Marchese (PROS).

11/06/2021 às 19h07
Por: Redação
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Paraná tem sucesso no campo com uso de tecnologia e apoio das cooperativas

Apesar de ocupar apenas 2,3% do território brasileiro, o Paraná é responsável por 13,5% da produção agrícola nacional. As características que proporcionam este sucesso foram debatidas na audiência pública “Tecnologia e Inovação no Agronegócio Paranaense”, promovida na Assembleia Legislativa do Paraná pelo deputado Homero Marchese (PROS) na manhã desta sexta-feira (11), de forma remota.

Produtores rurais, entidades ligadas ao agronegócio e membros do Governo do Estado falaram da experiência na maximização dos ganhos de propriedades que, em sua maioria, têm menos de 50 hectares de extensão. “Diferente de outros estados, nós não temos novas áreas de expansão. O trabalho no campo não é fácil, mas o conhecimento e tecnologia tem o tornando mais atraente para os mais jovens e mais produtivo para a população”, destacou Marchese.

De acordo com Ágide Meneguette, presidente da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep), “superamos São Paulo no valor bruto da produção”. De acordo com ele, o estado é o maior produtor nacional de peixes e o segundo em produção de leite. “Somos o segundo maior produtor de soja. Parte da produção é exportada e parte alimenta frangos, suínos, peixes e gado leiteiro”, frisou.

Segundo Ágide, é importante movimentar a cadeia do agronegócio. “Estamos trabalhando para vender um produto certificado e sustentável. Na escala de produção de commodities, nunca vamos ganhar de regiões de área extensiva, mas temos tecnologia que nos iguala aos Estados Unidos com custo compatível”, disse.

Ele citou o pioneirismo do estado no plantio direto e o apoio da Faep na criação de um programa de conservação de solo para ajudar entidades públicas e privadas. “Temos que avançar na conectividade para a agricultura de precisão, o futuro da produção rural. O Estado precisa ser concessor de pesquisa em universidades para nos ajudar na implantação de novas tecnologias”, cobrou.

Robson Mafioletti, superintendente do Sindicato e Organização das Cooperativas do Estado do Paraná (Ocepar), disse que o estado tem 2,5 milhões de cooperados em 217 cooperativas com 118 mil funcionários. “Isso gera R$ 115,7 bilhões em faturamento e R$ 5,8 bilhões em sobras que ficam no Paraná, principalmente nas pequenas propriedades”, explicou.

Segundo ele, 70% da produção da soja paranaense passa por cooperativas e elas têm participação de 65% na produção de grãos. Esta participação é de 45% na indústria láctea e de aves. “São 120 unidades de agroindústria nas cooperativas paranaenses. 50% das propriedades paranaenses têm até 50 hectares. Sem o apoio das cooperativas, elas não atingiriam os mercados internacionais que alcançaram hoje”, disse.

Apoio - Segundo o secretário estadual de Planejamento e Projetos Estruturantes, Valdemar Jorge, para aumentar a produtividade, o Paraná precisou de ferramentas tecnológicas. “A produção de milho evoluiu muito com o apoio da Emater. Hoje temos mais tecnologia em uma espiga de milho do que em um aparelho celular”, exemplificou.

Ele citou programas estaduais de fomento ao agronegócio, agricultura familiar e desenvolvimento de tecnologia para o campo. “O Paraná é declarado área livre de aftosa sem vacinação o que ajuda muito na cadeia produtiva da produção animal. O Brasil responde pela alimentação de mais de um bilhão de pessoas no mundo. Boa parte dessa produção vem do Paraná, segundo maior produtor do país”, falou, salientando o sucesso do estado.

“O programa Feito no Paraná foi criado neste sentido, com apoio da sociedade civil, supermercados e lojistas. Temos produtos de excelente qualidade, como a indústria têxtil com grande produção de algodão. Queremos aumentar a industrialização de produtos paranaenses. Com o aumento do PIB vem o aumento de recursos e melhorias no atendimento à população”, afirmou.

De acordo com o secretário, um dos fomentos é sobre o pequeno produtor, provedor dos alimentos da cesta básica. “Lançamos o Banco do Agricultor de subsídio a juros agrícolas, com 3% de subsídio sobre os juros para o pequeno agricultor paranaense. O programa Paraná Produtivo identifica o IDH mais baixo e ajuda essas regiões a formar conselhos de desenvolvimento para buscar a vocação local e gerar emprego e trabalho”, explicou.

Anderson de Toledo, gerente de inovação do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR), explicou que existem mais de 150 mil estabelecimentos rurais paranaenses que não contam com acesso à internet, o que representa um desafio tecnológico. “Os produtores têm boa expectativa e querem utilizar esta tecnologia para fazer a gestão da produção e mapeamento da terra, por exemplo”, afirmou.

Como ações de governo, ele citou a criação do Banco do Agricultor paranaense, oportunidade de subvenção do Estado em tecnologia e inovação com financiamentos focados em cooperativas e agricultura familiar. “Outra iniciativa inovadora é a campanha da febre aftosa que vem de 50 anos com forte parceria com o setor produtivo que deu ao Paraná o título de área livre de febre aftosa. O Paraná é o maior produtor de proteína animal do país”, afirmou.

Ele listou ainda o programa Leite Mais, programa Alerta Ferrugem da Soja, Alerta Geada, Projetos com foco em Agricultura Digital entre outros de transferência de tecnologia para o campo no desenvolvimento de sensores, estações meteorológicas e sensores de irrigação. “Também a formação de facilitadores de inovação com servidores do estado, parcerias com startups e cooperativas para desenvolver soluções tecnológicas para o setor produtivo”, completou.

Segundo Mariangela Hungria, pesquisadora da Embrapa Soja Londrina, o Brasil tem 43 unidades de pesquisa, divididos em centros de pesquisas ecorregionais. No Paraná estão a Embrapa Florestas e a Embrapa Soja, com laboratório de tecnologia do solo. “O Paraná tem a liderança de pesquisa com insumos na cadeia produtiva do leite e de micro-organismos na agricultura”.

“Não é possível fazer agricultura extensiva sem fertilizantes. Se um parceiro deixar de nos enviar insumos, nossa agricultura para. Temos capacitação em pesquisa de bioinsumos para isso”. Ela falou da retomada da fabricação do produto no Paraná e pediu auxílio do Poder Legislativo para as pesquisas na área.

Para o agrônomo Marco Ripoli, consultor e idealizador do projeto “O Agro Não Para”, o Brasil é o único país do mundo com condições de aumentar em 40% sua produção. “Os Estados Unidos não conseguirão crescer mais do que 10%”. Ele falou da AgTechs, empresa de startups com foco em tecnologia para o agronegócio. Ripoli explicou que são 1574 empresas deste segmento atuando no país atualmente, um crescimento de 40% em relação a 2020.

Participaram do encontro também os produtores rurais Laercio Dalla Vecchia, de Mangueirinha; Jonas Martini, de Três Barras do Paraná; Thiago Tudela, de Maringá; e Femmigje Koopman, pecuarista de Wenceslau Braz.

O PIB agropecuário paranaense aumentou 15% entre 2019 e 2020 e o estado se consolidou com o segundo que mais gera riqueza no campo em todo Brasil. Dados do Ministério da Agricultura indicam que, no ano passado, o Valor Bruto da Produção (VBP) paranaense bateu na casa dos R$ 88 bilhões, ficando atrás apenas do Mato Grosso. O valor corresponde ao faturamento bruto da pecuária e da agricultura em todas as propriedades rurais de cada unidade da federação.

 

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