A dieta low carb se tornou uma das maiores buscas para pessoas que querem perder peso. No último mês, receitas relacionadas ao termo chegaram a ter um aumento de 4.000% nas pesquisas do Google. Além disso, a busca por um plano de dieta pronto cresceu em 600% no mesmo período.
Além das capacidades emagrecedoras, a dieta low carb pode auxiliar na redução da pressão arterial; o aumento do chamado bom colesterol, o HDL; e a redução dos triglicerídeos.
No entanto, a Internet está cheia de afirmações que não são necessariamente verdadeiras sobre a dieta low carb. Por esse motivo, os médicos José Carlos Souto e Rodrigo Bomeny, da Associação Brasileira LowCarb (ABLC), contam quais são os mitos e verdades sobre o low carb. Vale lembrar que antes de começar qualquer dieta de emagrecimento é importante consultar um profissional, como médico e nutricionista.
Mito. "Há coisas que estão na moda e são ruins e outras que são ótimas. A popularidade não é o critério pelo qual se determina o mérito científico", afirma Souto. De acordo com o médico, existem estudos clínicos randomizados que comprovam que a dieta low carb é eficaz para manter o peso, emagrecer e tratar diversas doenças.
Mito. Essa afirmação existe porque as pessoas acreditam que a glicose gera energia para a prática de esportes e, assim, para garantir o desenvolvimento físico, o que, segundo Souto, é falso. Na verdade, a gordura é uma boa fonte energética por ter mais que o dobro de calorias do carboidrato; além disso, o organismo consegue armazenar gordura mais facilmente do que glicose.
A proteína também pode compensar os baixos níveis de carboidrato da alimentação, mas Bomeny explica que o melhor para a construção dos músculos é o macronutriente.
Verdade. Souto explica que todas as dietas, sejam low carb ou não, causam o efeito da perda de massa magra; ou seja, dos músculos. "Há apenas duas estratégias para mitigar isso: exercício resistido, como musculação, e aumento do consumo de proteínas", diz.
Estudos randomizados feitos com atletas italianos de modalidades como crossfit, levantamento de peso e ginástica olímpica, apontam que dietas feitas com carboidrato em níveis baixos ou altos não levou a perda de peso dos músculos.
Além disso, o estudo confirma que quanto maior for a adesão ao low carb, maior será a perda de gordura. Isto porque, ao perder o carboidrato, o organismo precisa de outro tipo de combustível e usa a gordura. Assim, ela não é armazenada e favorece a perda de peso.
Verdade. O cérebro precisa de 130 gramas de glicose para funcionar, algo em torno de 500 calorias por dia. No entanto, a glicose pode ser absorvida pelo organismo de outras maneiras que não na alimentação.
"Nas pessoas que se alimentam com baixo carboidrato, até 75% das necessidades energéticas do cérebro são supridas por corpos cetônicos - pequenas moléculas energéticas produzidas pelo fígado, a partir dos lipídios, com esse fim", afirma Souto.
O médico diz que a produção de glicose pelo fígado consegue suprir o nível glicêmico do corpo humano por tempo indeterminado. Os aminoácidos ingeridos por proteínas ajudam nesse processo.
Mito. De acordo com Bomeny, gorduras saturadas e dietéticas não estão relacionadas aos riscos de doenças cardiovasculares. Um estudo realizado na Noruega entre 1999 e 2004 mostrou que pacientes que consumiam mais gordura saturada tinham menos riscos de ter doenças do coração. Segundo Souto, esses riscos não são oferecidos com gorduras, mas com carboidratos, além de níveis elevados de insulina e glicose.
Depende. Pacientes que apresentam insuficiência renal crônica têm mais dificuldade em expelir certas substâncias, como metabolismo de proteínas. Assim, esses pacientes não podem consumir tanta proteína em suas dietas. No caso de pessoas sadias isso não ocorre.
"As duas principais causas de doença renal e hemodiálise, diabetes e hipertensão, melhoram com low carb", explica Souto.
Em relação ao fígado, o low carb é capaz de trazer benefícios. "Estudo recente mostrou que apenas 14 dias de low carb são capazes de reduzir significativamente a gordura hepática", diz Souto.
Mito. Souto afirma que as pessoas leem em sites pouco confiáveis que adeptos à dieta low carb devem ingerir apenas gorduras e proteínas, o que é mentira. "Uma prática low carb não deve ser ‘no carb’. Ou seja, trata-se de restringir açúcar, farináceos e o excesso de amido, e não de preocupar-se com alguns gramas de carboidratos em vegetais, por exemplo", explica. Uma boa dieta é planejada com mais vegetais do que produtos de origem animal, o que auxilia na flora intestinal e no equilíbrio nutricional.
Mito. Souto explica que essa afirmação acontece erroneamente porque grãos integrais não são recomendados, o que dá a impressão de que quem faz dieta low carb possui menos vitaminas, nutrientes e fibras. De acordo com o médico, os grãos não são as únicas fontes desses nutrientes. Legumes, folhas e vegetais de baixo amigo têm mais valor nutricional do que grãos.
Mito. Souto afirma que esse argumento é "falacioso" porque não existem restrições aos grupos alimentares, apenas opções dentro de cada grupo. Por exemplo: numa dieta low carb, pode-se trocar a banana pelo morango para reduzir o nível de açúcar, o que não quer dizer que a pessoa vai parar de comer todas as frutas.