Roer as unhas é algo que faz parte da vida de muita gente. Estudos apontam que até 30% da população mundial tem esse hábito, que pode parecer inofensivo, com prejuízos apenas estéticos, mas suas consequências também podem afetar a saúde.
Esse comportamento, também chamado de onicofagia, tem se tornado mais frequente durante a pandemia da Covid-19, que impactou a vida de todos este ano.
"O cenário de pandemia provocou uma mudança brusca na nossa rotina. Houve um aumento das emoções, tudo ficou mais aflorado. Por exemplo, alguém que durante a infância roía as unhas pode retomar esse comportamento diante desse momento tão difícil como uma forma de lidar com a angústia", afirma Talitha Nobre, psicóloga do grupo Prontobaby.
Ao mesmo tempo, em meio à pandemia e aos cuidados necessários para evitar o contágio, o ato de colocar as mãos na boca e roer as unhas se tornou um perigo ainda maior para a saúde neste momento, alerta a dermatologista Fabiana Seidl.
"As unhas são locais de potencial acúmulo de micro-organismos, como bactérias, fungos e vírus. Roer as unhas torna a pessoa vulnerável a infecções, incluindo o coronavírus", diz.
Além do risco de contaminação pela Covid-19, o comportamento expõe a pessoa a outros problemas, como a possibilidade de desenvolver infecções gastrointestinais, além de favorecer a inflamação ao redor das unhas.
"Ao colocar as unhas na boca, acabamos ingerindo germes e corremos o risco de desenvolver certos tipos de infecções gastrointestinais. Quando as roemos, também provocamos microtraumas nas cutículas. Muitas pessoas inclusive roem a pele envolta das unhas também, propiciando a entrada de germes e favorecendo a infecção e a inflamação no local, um processo chamado de paroníquia", afirma Fabiana Seidl.
A saúde bucal também fica em risco. A odontopediatra e ortodontista Maria Fernanda Braga explica que roer as unhas prejudica o esmalte dos dentes, podendo desgastá-los, acarretando uma sensibilidade dentária no futuro:
"Além disso, quando se torna um hábito duradouro, a pressão exercida pode gerar retração da gengiva e alterar a mordida. Alguns estudos inclusive relacionam roer as unhas com um risco aumentado de desenvolver bruxismo, condição em que se range os dentes".