Diferentes iniciativas de produção sustentável agrícola e extrativista na região amazônica foram compartilhadas nesta terça-feira (12) durante o 1º Encontro de Bioeconomia e Sociobiodiversidade na Amazônia. O bioma abriga 40% da floresta tropical remanescente do mundo e 25% da biodiversidade de todo o planeta.
O evento está sendo realizado na Universidade do Estado do Amazonas (UEA), em Manaus, sob coordenação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, por meio da Secretaria de Agricultura Familiar e Cooperativismo, em parceria com a Green Rio, a GIZ, o WWF Brasil e o governo do Amazonas. A programação continua nesta quarta-feira (13).
No primeiro dia de programação, o painel sobre Diálogos da Biodiversidade trouxe vários exemplos de produção bioeconômica de diferentes produtos e setores, como a indústria nacional e internacional de cosméticos com ingredientes naturais e valorização do conhecimento tradicional de comunidades associadas à biodiversidade.
A premissa dos negócios apresentados por grandes empresas, organizações da sociedade civil e institutos de pesquisa foi a geração de renda mantendo a floresta em pé e a destinação econômica como estratégica de conservação ambiental.
Manejo comunitário
Representante dos povos indígenas, João Paulo Tukano, apresentou algumas técnicas de produção agrícola e extrativista desenvolvidas por diferentes etnias e pediu apoio financeiro para que as comunidades possam aperfeiçoar suas habilidades e obter retorno socioeconomico. "Queremos tecnologia para desenvolver melhor nosso conhecimento e técnicas", disse Tukano.
Já o agricultor familiar Antônio Costa, representando a Associação de Produtores Rurais de Carauari (Asproc), relatou como o manejo comunitário da pesca do pirarucu, um dos principais peixes fluviais amazônicos, aumentou a renda de uma comunidade de produtores que vivem a sete dias de barco dos grandes centros urbanos do estado."O arranjo coletivo que envolve ONGs, governo, instituições de pesquisa e outros permite pagamento de preço mais justo para extrativistas", afirmou Costa.
A associação contribui para agregar valor ao pescado e para comercializar o produto. Um dos resultados foi a consolidação da marca coletiva "Gosto da amazônia, sabor que preserva a floresta", e a popularização de receitas com pirarucu da Amazônia em outras regiões do país, como o sudeste.
Os agricultores de Carauari trabalham agora para conseguir a certificação orgânica e a rastreabilidade do produto para alcançar mercados consumidores mais exigentes.
Também foram apresentadas durante a sessão desta tarde iniciativas de incubadoras para capacitar comunidades amazônicas por meio de tecnologias sociais para desenvolver as matérias-primas da região. Além de promover políticas públicas que contribuem para tornar o bioma um ambiente mais favorável à captação de inovação.
Da Costa Rica, foram expostas experiências de desenvolvimento de agronegócio executadas por uma universidade internacional, que atua na América Latina em prol da comercialização valorizada de produtos regionais, como o café, cacau e cupuaçu.
Novos diálogos
O coordenador-geral de extrativismo do Mapa, Marco Pavarino, destacou que a lógica do programa de bioeconomia é o da sociobiodiversidade com estruturação das cadeias produtivas e foco no mercado.
Pavarino defendeu que, no contexto brasileiro de grande diversidade e variadas possibilidades, o Ministério tem atribuições que extrapolam a regulação e a fiscalização. O coordenador ressaltou que a pasta tem atuado com fomento e apoio às diferentes iniciativas e desafia todos os setores envolvidos a desenvolverem novos diálogos para cadeias produtivas ainda desconhecidas e fortalecer as que já despertam grande interesse, como o açaí e as castanhas.
"Quais são os pontos chave que não estão resolvidos nas cadeias produtivas? Temos que construir estes diálogos, espaços de legitimidade para estabelecer os eixos pró extrativismo e pensar juntos soluções necessárias. Todos tem alguma coisa pra construir neste fortalecimento das cadeias produtivas", disse Pavarino.
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