A Universidade Estadual de Maringá (UEM) desenvolveu uma tecnologia inovadora de reciclagem mecânica de embalagens multicamadas, um processo relativamente simples, rápido e econômico. As embalagens multicamadas são usadas em pacotes de salgadinhos, biscoitos e café, por exemplo. Elas geram impacto ambiental.
A solução da UEM é fruto da pesquisa de doutorado da professora do Departamento de Engenharia Mecânica, Silvia Luciana Fávaro Rosa. O estudo resultou na concessão de uma carta-patente para a Universidade, publicada em junho último pelo INPI. As pesquisas tiveram início há mais de dez anos, quando a professora ainda era aluna do Programa de Pós-Graduação em Química da UEM.
Esta foi uma das 11 concessões feitas até aqui em 2020, sendo que há a iminência do anúncio de outras patentes ainda este ano. O professor Luiz Fernando Cótica, diretor de Pesquisa e coordenador do Núcleo de Inovação Tecnológica da UEM (NIT) conta que a Universidade acumula ao longo da sua história a concessão de 30 cartas-patente, das quais 28 estão vigentes e duas já são de domínio público. “Além disso, temos quatro pedidos deferidos, apenas aguardando a concessão do INPI”.
Muitas das conclusões oriundas destas pesquisas acadêmicas poderiam gerar benefícios para a sociedade, a partir dos processos de transferência de tecnologia. Tomando como base o estudo da professora Silvia Rosa, por exemplo, as embalagens multicamadas poderiam ser reaproveitadas na produção de para-choques e outras peças internas para veículos, ao invés de pararem nos lixões.
Isso porque o processo de reciclagem desenvolvido pela cientista resulta na produção de um material de alta resistência ao impacto e com diversas aplicações. “Todo o processo é mecânico, sem utilização de reações químicas e, portanto, além de ser economicamente vantajoso, não gera resíduo”, afirma a pesquisadora.
NOVO MEDICAMENTO - Do mesmo modo, a invenção de um inédito composto de base natural, cujos testes indicaram alta eficiência no combate ao protozoário causador da Leishmaniose, poderia entrar na linha de produção de um medicamento novo com vantagens sobre os fármacos utilizados hoje.
A pesquisa neste caso, que também foi contemplada com uma carta-patente, concedida em outubro deste ano, foi realizada com a participação de pesquisadores da UEM e da Universidade Federal de Goiás (UFG), combinando química experimental com avaliação de atividade biológica. A substância encontrada é uma tiossemicarbazona, usando como matéria-prima de síntese um composto natural presente nas cascas de frutas cítricas como limões, laranjas e tangerinas.
“Os novos agentes antileishmania demonstraram baixa toxicidade para as células do organismo de mamíferos em relação ao tratamento convencional da Leishmaniose, que utiliza fármacos altamente tóxicos. As moléculas, que são de fácil produção e matéria-prima de baixo custo, também se mostraram eficazes na inibição do protozoário, equiparado às drogas utilizadas nos tratamentos convencionais”, explica Cleuza Conceição, destacando que existe forte demanda por novos fármacos que possam ser administrados por via oral e que apresentem menor toxicidade e menor duração de tratamento.
TRANSFERÊNCIA DE TECNOLOGIA - Gerar inovação a partir da transferência de tecnologia produz ganho também para a instituição de pesquisa, incluindo a possibilidade de compensação financeira, estimulando ainda mais o avanço da ciência e tecnologia.
Para dar aos pesquisadores mais suporte no que tange à proteção da propriedade intelectual e transferência de conhecimento, o NIT da UEM pretende atuar como uma instância de planejamento e ação estratégica para facilitar a interface com o mercado. Em linhas gerais esse apoio visa criar caminhos através de modelos de negócios para vencer o grande desafio que é aplicar a ciência e o conhecimento no mercado.
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Confira a relação das patentes concedidas à UEM em 2020
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