O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) e a Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), assinaram nesta quinta-feira (14) acordo para estimular a cadeia produtiva de chás, óleos e plantas medicinais e aromáticas.
O projeto-piloto será região do Vale do Rio Pardo, no Rio Grande do Sul, pelo período de 10 meses. Intitulada "Parcerias para Inovações nas Cadeias de Plantas Medicinais, Aromáticas, Bioativas e seus Derivados como Estratégia de Diversificação do Cultivo do Tabaco - Projeto Piloto no Vale do Rio Pardo/RS", a iniciativa buscará formar uma rede de negócios sustentáveis para a geração de renda através da diversificação de culturas, com produção de espécies de alto valor agregado, contribuindo para o incremento da economia local.
O projeto tem três etapas: diagnóstico de oportunidades, proposta de arranjo institucional e efetivação e análise de governança.
A parceria foi formalizada pelo secretário de Agricultura Familiar e Cooperativismo do Mapa, Fernando Schwanke, pelo representante da FAO no Brasil, Rafael Zavala, e pela reitora da Unisc, Carmen Lúcia Helfer.
"O grande objetivo é fazer um trabalho sério de diversificação agrícola na região fumageira do Sul do Brasil. Estamos seguindo este caminho por sabermos que, além de óleos e ervas aromáticas terem um enorme potencial, tanto que o Brasil é um grande importador desse tipo de produto, existe também similaridade agrícola ou agronômica com o que os produtores da região [Vale do Rio Pardo] já produzem", destacou Schwanke.
A reitora da Unisc, Carmen Lúcia de Lima Helfer, destacou as expectativas com a iniciativa. "Se inicia hoje uma ação rumo à diversificação de um mercado que está em pleno crescimento. Acreditamos que, por meio dessa semente que está sendo plantada agora, vamos colher bons frutos no futuro", salientou.
O papel da mulher na agricultura familiar foi ressaltado pelo representante da FAO, Rafael Zavala. "Quero salientar a importância do papel que as mulheres agricultoras familiares vão exercer no desempenho desse projeto, uma vez que se trata de uma produção que requer muita atenção com manejo, e elas são bastante cuidadosas nesse aspecto".
Entre os princípios norteadores da iniciativa estão: introdução saudável de empreendedorismo e ganho de competitividade, valorização dos recursos e potenciais regionais e agregação de conhecimento ao produto com aprimoramento da cadeia produtiva de plantas medicinais e aromáticas.
A ação faz parte da implementação do Programa Bioeconomia Brasil - Sociobiodiversidade, lançado este ano pelo Mapa, cujo eixo temático "Ervas Medicinais, Aromáticas, Condimentares, Azeites e Chás Especiais do Brasil" tem o objetivo de viabilizar alianças produtivas e ampliar o acesso aos mercados.
Etapas
A primeira etapa prevê diagnóstico do potencial de produção, pesquisa, desenvolvimento tecnológico e comercialização dessas plantas na região do Vale do Rio Pardo, segundo Schwanke. "Neste primeiro momento, vai ocorrer um grande plano de negócios. Vai se estudar o que já tem desenvolvido no Brasil, juntar as pontas da pesquisa, da produção, da industrialização e do mercado e determinar quais são as viabilidades econômicas do processo".
Na segunda etapa, será desenvolvida uma metodologia de arranjo institucional, produtivo e de comercialização que viabilize estratégias com foco na diversificação da fumilcultura a partir do potencial regional para produção e inovação em plantas medicinais, aromáticas, bioativas e seus derivados.
Na terceira etapa, serão promovidas ações de desenvolvimento cientifico e tecnológico da produção, beneficiamento e comercialização dessas plantas. A lógica do projeto é reunir elos da cadeia produtiva visando que empresas e indústrias comprem e processem os produtos.
A SAF coordenará as ações da parceria em articulação com a Unisc, que atuará com toda a estrutura de laboratórios de análises químicas e desenvolvimento e testes do Parque Tecnológico, junto com corpo docente qualificado.
A região de Vale do Rio Pardo foi selecionada por ter diversos municípios que dependem de atividades associadas à cultura do fumo. O incentivo à diversificação do cultivo é considerado importante para a redução da dependência do agricultor em relação à uma única fonte de renda.
De acordo com o IBGE, em 2016, os estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná foram responsáveis pela produção de quase 99% do tabaco no país. Segundo a Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra), o trabalho envolve cerca de 150 mil famílias.
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