Lais Aparecida da Silva, que é formada em Enfermagem e foi foi Rainha do Carnaval de Belo Horizonte em 2020, recebeu um convite para um encontro há cerca de quatro dias. A modelo, no entanto, não estava a fim de sair com o cara, recusou o convite e acabou sendo agredida verbalmente.
"Você é uma macaca, arrogante, idiota. Olha pra você, no máximo o que você serve é pra poder saciar o fetiche de alguém", dizia um áudio do autor. Depois de ler as falas racistas, Laís foi até a delegacia na última terça-feira (1º) fazer um boletim de ocorrência. Além disso, ela fez uma denúncia através do Disque 100, canal no qual é possível denunciar qualquer violação contra os direitos humanos.
Lais recebeu uma mensagem de um homem que dizia ter se sentido atraído pelas fotos dela nas redes sociais. Como o contato não se identificou, nem tinha foto, ela o bloqueou. Insistente, ele voltou a mandar mensagem -- agora, de outro número. Após mais uma negativa, o homem, que seguiu sem se identificar, a ofendeu.
"Fiquei bem chateada, porque a gente passa por diversas situações e essa questão vai muito além do racismo. Foi um racismo contra uma mulher. A gente sofre muito nessa sociedade machista que a gente vive hoje", disse em entrevista ao G1.
A rainha do carnaval disse que a abordagem foi feita de uma forma muito incisiva, sem dar chance para que ela negasse o pedido. "E por eu ser uma mulher negra, eu não posso falar não?", questiona.
E essa foi a primeira vez que ela sofreu uma injúria racial, mas foi a primeira que conseguiu entender que estava sendo vítima do crime. "Eu me recordo de uma situação com um antigo relacionamento, em que ele chegou a falar que eu era uma mucama, mas na época, pra mim, eu não tive a consciência do tamanho que era aquela palavra".
"Se a gente fica calado, a gente tá dando poder para pessoa continuar a praticar esse ato", afirma Lais, que afirma que a mulher negra ainda é vista como um objeto.