Na quinta-feira (14/08), às 19h, o Teatro da Instalação, localizado no centro de Manaus, será palco de uma apresentação carregada de significados, o espetáculo “Urutau”, do Corpo de Dança do Amazonas (CDA), com concepção e direção coreográfica de Andressa Miyazato. A entrada é gratuita, proporcionando ao público uma experiência artística que une movimento, simbolismo e sensibilidade.
A apresentação é uma realização do Corpo de Dança do Amazonas, um dos corpos artísticos do Governo do Amazonas, por meio da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa.
Inspirada no pássaro amazônico Urutau, conhecido também como “ave-fantasma” e cujo nome em tupi remete a essa mesma ideia, a obra mergulha em conceitos como desaceleração, resistência e ancestralidade, guiando os bailarinos por uma jornada de constante transformação cênica.
A proposta da coreógrafa é refletir sobre a conexão entre o corpo humano e o meio ambiente, partindo da capacidade que o Urutau tem de se camuflar na natureza para abordar, de forma poética, temas como invisibilidade, adaptação e força interior. O espetáculo constrói, assim, um paralelo entre as estratégias de sobrevivência da ave e os processos de resistência dos corpos contemporâneos, em especial os corpos amazônidas.
A performance se destaca pela integração orgânica entre dança, audiovisual e experiência sensorial. O uso de projeções e trilha sonora imersiva transforma o espetáculo em uma instalação viva, onde o público também se torna parte da cena. Os bailarinos não apenas ocupam o espaço, mas o dilatam, conectando-se entre si em um fluxo contínuo que rompe com a linearidade tradicional da narrativa.
Com movimentos que se espalham de um corpo para outro, como ondas, a coreografia aposta na coletividade como forma de cura, memória e reexistência. A ancestralidade aparece como linguagem viva, atravessando os corpos e potencializando o presente, enquanto a natureza, com suas simbologias e silêncios, guia a criação com sutileza e potência.
Além da riqueza estética e simbólica, “Urutau” também convida à contemplação. A escolha pelo ritmo desacelerado oferece ao público a oportunidade de respirar junto com a cena, num tempo outro, mais sensível, que provoca o olhar e a escuta.
O Corpo de Dança do Amazonas é um dos mais importantes grupos de dança contemporânea da Região Norte. A companhia é conhecida por seus trabalhos autorais, que dialogam com questões identitárias, ambientais e sociais a partir da linguagem da dança.