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Mostra de cinema marca dia Nacional da Luta Antimanicomial no DF

Instituições ligadas à saúde mental defendem atendimento humanizado

Redação
Por: Redação Fonte: Agência Brasil
18/05/2025 às 13h05
Mostra de cinema marca dia Nacional da Luta Antimanicomial no DF
© Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil

Camisa de força e amarrações em uma maca para restrição de movimentos, excesso de medicamentos, agressão por outra paciente na enfermaria e pessoas nuas urinando por todos os cantos de um pátio. Essas não são cenas de um filme antigo. Mas algumas das lembranças que Deysielen Fialho, 30 anos, tem da última internação em um hospital psiquiátrico do Distrito Federal, em 2024.

“Foi uma coisa horrível, bem complicado mesmo”, resgata a jovem sobre a internação de duas semanas.

Deysielen tem depressão, ansiedade e transtorno de personalidade borderline (TPB), caracterizada por instabilidade emocional e dificuldades em se relacionar. A jovem somente deixou a unidade hospitalar depois da família pedir a alta médica e assumir a responsabilidade por possíveis implicações pelo tratamento em saúde mental não concluído.

A paciente, então, começou a fazer terapia em grupo nos Centros de Atenção Psicossocial (Caps) de Taguatinga, depois, no de Samambaia e, atualmente, é atendida do Caps Paranoá, a 20 quilômetros de Brasília. O serviço comunitário e as aulas de teatro têm ajudado na reabilitação dela, avalia a própria Deysielen.

“Sempre que vou é muito interessante. Vejo as pessoas conseguindo se expressar. É libertador fazer aqueles exercícios, não só de movimentação, mas também de respiração. É muito legal também fazer artesanato. A gente conversa e sempre escuta música, enquanto vai fazendo tudo proposto”, conta.

Neste fim de semana, Deysielen participa como espectadora da 1ª Mostra de Cinema Antimanicomial do DF Raquel França, no Cine Brasília. O evento homenageia a paciente psiquiátrica Raquel França de Andrade, mulher negra de 24 anos, que morreu no dia do Natal de 2024, dentro do Hospital São Vicente de Paulo (HSVP), localizado em Taguatinga, região administrativa do Distrito Federal.

Dia de luta

A mostra de cinema marca o Dia Nacional da Luta Antimanicomial, lembrado neste domingo (18). A data tem o objetivo de conscientizar sobre a necessidade de mudança do modelo de cuidado em saúde mental. No lugar de internações prolongadas, em locais chamados pela comunidade terapêutica de manicômios, a substituição por atenção humanizada, baseada no respeito à dignidade, à liberdade e à inclusão social de pessoas com transtornos mentais.

Organizada pelo Fórum Revolucionário Antimanicomial do DF, a iniciativa conta com apoio de diversos coletivos e instituições ligadas à saúde mental e à arte.

A presidente do Conselho Regional de Psicologia do Distrito Federal (CRP/DF), Thessa Guimarães comemora a reforma psiquiátrica.

“É uma iniciativa revolucionária que em todo o país, em outros países também, que buscam colocar abaixo os manicômios, as casas de violência e os campos de concentração que têm como resposta ao sofrimento psíquico o isolamento, a hipermedicalização, a tortura e até mesmo a morte”, condena Thessa.

Entre outras diretrizes, a reforma psiquiátrica prioriza que as emergências psiquiátricas sejam atendidas nas emergências de hospitais gerais.

A representante do Conselho Regional de Psicologia defende o fechamento do Hospital São Vicente de Paulo (HSVP), por contrariar as diretrizes da reforma psiquiátrica. “Em função de uma lógica assistencial que é a de despejo, uma espécie de depósito humano, uma gaiola de loucos”, classificou.

A Agência Brasil entrou em contato com a Secretaria de Saúde do Distrito Federal e aguarda o posicionamento sobre as declarações dadas pela paciente e pelo conselho de psicologia do DF.

Acolhimento e reabilitação

Outra paciente do Caps do Paranoá, Rita Luciane da Paixão Sousa, de 53 anos, moradora do Itapoã (DF), revela ter tentado suicídio oito vezes e, por isso, foi internada compulsoriamente em unidades psiquiátricas. Ela diz que já foi vítima de violência sexual e hoje toma medicamentos para controlar a ansiedade e a “vontade de sumir no mundo”, como ela própria descreve o sentimento latente nos momentos de crise.

Atualmente, frequenta sessões de terapia grupo no centro, quando compartilha vivências, além de ter aulas de crochê e de tricô com retalhos de malha.

Para definir o que é acolhimento de verdade, Rita diferencia os tratamentos recebidos em um hospital psiquiátrico e em um Caps.

“É melhor do que o hospital, porque a gente tem mais possibilidade de chegar e conversar com eles [os profissionais de saúde] que nos atendem. É tipo uma família. Porque, quando eu dou minhas crises, venho aqui e eles me acolhem”, reflete.

Serviço

1ª Mostra de Cinema Antimanicomial do Distrito Federal (DF) Raquel França

18/05 – domingo

16h: De perto quem é Normal – Artheria

Ocupação Valente – Movimento Antimanicomial DF

Maluco Voador Além do Som – Lucas Moraes

Capsianos – Companha Atravessa a Porta

17h30: intervalo + performances

18h: roda de conversa: saúde mental indígena

19h: Chuva é Cantoria na Aldeia dos Mortos – Renée Messora e João Salaviza

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