Alojamentos sujos, sem proteção contra chuva, frio, locais sem estrutura de cozinha e armazenamento de alimento adequado. As camas de papelão, o chuveiro com água fria e até mesmo o uso de equipamentos de choque.
O cenário que mais parece um filme terror é na verdade, descrito pelos próprios fiscais do Ministário do Trabalho em fiscalizações recentes deflagradas no país.
A maioria desses casos são encontrados em zona rurais, mas condições análogas à escravidão também ocorrem com frequência em ambientes domésticos em grande cidades.
Para se ter uma ideia, somente nestes primeiros meses de 2023, o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) registrou o resgate de 1.201 pessoas em situação semelhante à escravidão .
Esse número representa um aumento de 140% em relação ao mesmo período do ano anterior e é o maior em 15 anos.
O ministro do Trabalho e Emprego, Luis Marinho, disse hoje, que o combate ao trabalho análogo à escravidão na atual gestão é uma prioridade.
“O trabalho análogo à escravidão é uma chaga e vamos priorizar sua erradicação. Nada justifica ainda falarmos nesse tipo de ilegalidade em pleno século 21. Vamos retomar a fiscalização do trabalho degradante, punir com rigor aqueles que se utilizam do trabalho análogo à escravidão".
Esses são casos de trabalhadores em situação análoga à escravidão, uma realidade que persiste mesmo após 135 anos da assinatura da Lei Áurea, em 13 de maio de 1888.
Em 2008, foram resgatadas 1.696 pessoas no mesmo período . A maioria dos casos ocorre em áreas rurais, mas também há ocorrências nas grandes cidades.
Nos primeiros quatro meses de 2023, os estados com o maior número de casos foram Goiás , com 372 pessoas encontradas em condições de escravidão, seguido por Rio Grande do Sul (296), Minas Gerais (156), São Paulo (156) e Alagoas (49).
As "condições análogas à escravidão" não necessariamente privam as pessoas do direito de ir e vir, mas envolvem a falta de condições para sair de uma situação degradante. Muitas vezes, esse cenário é caracterizado como uma "servidão por dívida" .