Informações do Indicador de Inadimplência da Serasa Experian, divulgado no final do ano passado, indicam que o Brasil atingiu chegou a 6,3 milhões de empresas com dívidas atrasadas. Segundo a instituição, fatores como a inflação e a pandemia de Covid-19, que ainda afeta o país, ajudam a explicar os números.
Para demonstrar a evolução do índice, o primeiro registro, de 2016, indicava 2,83 e 2021 teve 5,83 milhões. Quando o olhar se volta às famílias, 78,9% estão endividadas, de acordo com números da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), organizada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
A correlação entre o crescimento de pequenas e médias empresas e famílias em situação de inadimplência pode ser feita quando observa-se que o país, segundo o boletim Mapa das Empresas, tem mais de 19 milhões de empresas ativas e cerca de 70% delas constituem-se de Microempreendedores Individuais.
Segundo as informações da Serasa Experian, há um ciclo de endividamento que passa pelo consumidor e chega às empresas, que, ao final, são feitas por pessoas. Esta é a opinião do advogado especializado em dívidas bancárias, Tallisson Souza. Para ele, os dados são preocupantes.
“Avalio os números como negativos e preocupantes, sendo que a maioria trata-se de micro e pequenas empresas. Esse aumento é decorrente do aumento da taxa base de juros, desemprego, pandemia e endividamento das famílias brasileiras”, avalia o profissional. Os dados indicam, ainda, que entre os empreendimentos em situação de inadimplência, 5,6 milhões são micro e pequenas empresas.
Para Souza, este cenário “causa uma margem grande de desemprego, prejudicando diretamente a economia do país, o que, consequentemente, leva também ao endividamento das famílias, devido à alta dos juros e da inflação”.
Outra pesquisa corrobora o momento preocupante. Levantamento da CNDL (Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas) mostrou que cerca de 64 milhões de brasileiros estavam inadimplentes até setembro de 2022. O advogado Talisson Souza aponta quais, do seu ponto de vista, são as maiores causas para o panorama atual.
“Taxa de juros alta, pandemia, endividamento das famílias que perderam o poder de compra, devido à inflação, bem como projetos oferecidos pelo governo federal para ajudar as empresas durante a pandemia, que também fazem parte das dívidas”.
Segundo o especialista, o momento é de atenção para famílias e empresas com a estimativa do mercado financeiro de 5,23% de inflação para este ano. O Banco Central divulgou a previsão de 4,75%.
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