As mudanças previstas para 2023 tendem a impactar as atividades desenvolvidas pelos mais diversos setores neste ano em que há uma previsão de desaceleração da economia. De acordo com o Fundo Monetário Internacional, o PIB mundial deve crescer 2,7% em 2023, ante os 3,2% de 2022. Para o brasileiro, a projeção é de um crescimento de 1%, ficando abaixo dos 2,8% de 2022.
Seja no Brasil ou no mundo, a economia ainda sentirá os reflexos da política de Covid-19 zero na China e da guerra na Ucrânia, além da elevação das taxas de juros em muitos países para conter a escalada inflacionária.
No Brasil, além da mudança de governo, mantêm-se as altas taxas de juros, a inflação – embora mais contida do que em 2022 – e a renda menor da população. De acordo com Camilo Turmina, presidente da Associação Comercial do Paraná, a grande variável é a taxa de juros que será aplicada para captar dinheiro. "A tendência é que elas sejam mais altas – e juros altos significam redução da atividade econômica. Também entramos num momento de alta nas tributações e isso vai impactar a renda das pessoas, o que se reflete no comércio”, avalia.
Para Paulo Nauiack, presidente do Conselho Regional dos Representantes Comerciais do Paraná (CORE-PR), os profissionais precisam estar atentos não apenas às tendências econômicas, mas tecnológicas e de consumo se quiserem acompanhar as transformações. “É preciso se adaptar para aproveitar as oportunidades que as mudanças trazem”, avalia.
Outra tendência que parece ganhar força em 2023 é a preocupação com questões ambientais, sociais e de governança. Assim, é possível desenvolver projetos focados nessas áreas. “Trabalhar com produtos e serviços voltados ao ESG pode trazer um retorno relevante”, sugere o presidente do CORE-PR.
Há ainda alterações em legislações que impactam fornecedores e representantes comerciais.A partir de 1º de abril, por exemplo, entra em vigor a nova Lei de Licitações (Lei Federal 14.133). "O representante comercial que trabalha com o poder público deve estar preparado. Afinal, foram dados dois anos para as empresas se adequarem a essa mudança na legislação”, diz Nauiack.
Consumo de indulgência e consumo phygital
Após a crise sanitária ocasionada pela Covid-19, o ano de 2022 foi um ensaio de retorno à normalidade e, de acordo com a coordenadora dos cursos de pós-graduação em marketing da FAE, Patrícia Piana Presas, trouxe consigo uma tendência de consumo de indulgência.
“Acabamos juntando mais as pessoas para confraternizar, nos presenteando e presenteando os outros, fazendo compras para nos sentirmos bem”, explica. A tendência é que isso se mantenha ao menos no início de 2023, beneficiando principalmente o setor de alimentação.
Outro movimento percebido no consumo é o fortalecimento do e-commerce e a mescla da venda on e off-line. “É o que chamamos de consumo phygital”, diz Patrícia. Nesse cenário, vendedores e representantes comerciais precisam estar mais preparados para mostrar como os produtos e serviços podem agregar valor à vida dos consumidores, já que as informações básicas são obtidas na internet.
Ao mesmo tempo em que os consumidores passam a apostar cada vez mais do digital para adquirir produtos e serviços, quem os vende também precisa integrar a tecnologia a suas rotinas, a fim de oferecer um atendimento omnichannel e personalizado.
“Os representantes de venda fazem a ponte com o consumidor e, se eles não conhecem ou conhecem pouco as ferramentas de mídia online, eles acabam ficando para trás”, diz o head de marketing Tiago Campos da Veiga sobre a importância das tecnologias para fornecedores e seus representantes. Para ele, os profissionais de venda devem estar cada vez mais empoderados em relação à tecnologia e usar os conteúdos digitais disponíveis para fomentar o sell-out.
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