Carlson é conhecido da audiência americana por seu perfil conservador e nacionalista, sendo um crítico da imigração, além de abordagens criticadas em relação a temas como o racismo ou a igualdade entre homens e mulheres.
O programa do apresentador na Fox News é uma das atrações que reforça o caráter conservador de direita da emissora, que durante os anos Trump teve status de uma das preferidas do presidente. Carlson é apontado como influenciador de decisões do ex-presidente em assuntos-chave, como manobras militares.
A viagem do jornalista dá prestígio ao governo húngaro, que vem sistematicamente transformando o país em uma autocracia comandada pelo premiê, com diversos episódios de repressão à imprensa e aos direitos humanos.
Na última semana um dos temas principais de Carlson foi uma suposta vigilância que a NSA (Agência de Segurança Nacional) viria fazendo sobre seus emails e o conteúdo do programa na TV.
No dia 30, a Fox noticiou que a NSA havia admitido espionar Carlson, porém a informação foi atribuída a apuração de outro veículo de comunicação, e sem confirmação oficial da agência.
Em março, a emissora foi processada por associar duas empresas de tecnologia a fraudes eleitorais nas últimas eleições presidenciais dos Estados Unidos. Somadas, as causas podem custar à emissora US$ 4,3 bilhões.
Carlson tem se dedicado a criticar as políticas do presidente Joe Biden, como por exemplo a postura do democrata de não-deportação.
Em Budapeste, Carlson reforça o papel da Hungria como um dos defensores da direita cristã conservadora mundial, papel cobiçado pelo Brasil.
A ministra Damares Alves e sua pasta, assim como o ex-chanceler Ernesto Araújo fizeram diversos acenos a pautas defendidas por Orbán, como oposição ao aborto e ao casamento de pessoas do mesmo sexo, em eventos noticiados pela imprensa no Brasil.
Um jornalista de primeiro escalão como Carlson passa nova camada de verniz a um regime que vem sufocando jornais e publicações não simpáticas ao governo Orbán, bem como limitando direitos e implementando políticas de fertilidade em busca de uma Hungria “pura”.
Entre iniciativas do premiê, estão expulsar a Universidade da Europa Central do país, banir o estudo acadêmico de gênero nas faculdades, permitir que o partido Fidesz comandasse 90% da mídia no país e demonizar o investidor húngaro-americano George Soros como mentor de tendências culturais que servem para inflamar a base popular de apoiadores do primeiro-ministro.
Carlson fará um discurso no próximo fim de semana no MCC Feszt, uma conferência patrocinada pelo Mathias Corvinus Collegium, think tank que recentemente recebeu US$ 1,7 bilhão (cerca de 1% do PIB da Hungria) do governo.
“A obrigação imposta a jornalistas de obter autorização das autoridades e proprietários de terras para sobrevoo de drones, sob pena de um ano de prisão, demonstra a vontade do Estado de usar todo o arsenal legislativo possível para dificultar o trabalho dos meios de comunicação”, ressalta a organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF).
No ranking mundial de liberdade de imprensa, a Hungria ocupa a posição número 92 entre 180 países. O Brasil é o 111º colocado. Orbán e Bolsonaro estão ainda na lista dos predadores da liberdade de imprensa da RSF, publicada recentemente.
Carlson foi criticado por promover teorias da conspiração sobre a pandemia e que o motim de 6 de janeiro no Capitólio foi uma operação do FBI. Um artigo do New York Times, do repórter Ben Smith, expôs o jornalista como “uma grande fonte” de colegas da imprensa americana, em tópicos que vão de Trump à ”política interna tumultuada” da emissora Fox News .
Em vídeo viral do último mês de junho, em uma loja de artigos esportivos, o colunista é abordado por um cidadão que o chama de “pior ser humano da humanidade”, enquanto Carlson tenta resolver a situação com tranquilidade, e até mesmo continuar suas compras.
O jornalista é autor de dois livros, sendo Ship of Fools (Navio dos Tolos, em tradução livre) bestseller da lista do New York Times. A obra se apresenta como “comentários políticos sobre como a classe dominante da América falhou com os americanos comuns”. Carlson escreveu ainda The Long Slide (O Longo Deslizamento, em tradução livre), coletânea de comentários políticos revisitados pelo jornalista.