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Paraná se mantém líder na criação de tilápia no Brasil

Nem mesmo as incertezas geradas pela pandemia foram capazes de frear os avanços da produção

14/07/2021 às 20h02
Por: Redação
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Paraná se mantém líder na criação de tilápia no Brasil

Mais de 5,93%. Esse foi o índice de crescimento que, mais uma vez, coloca o Brasil em posição de destaque quando o assunto é piscicultura. Segundo levantamento da Associação Brasileira de Piscicultura (Peixe BR), a produção de peixes de cultivo saltou de 758.006 toneladas em 2019 para 802.930 toneladas em 2020, o segundo melhor desempenho desde 2014, ano em que os índices começaram a ser analisados.

Os resultados positivos, de acordo com especialistas, tendem a crescer ainda mais, principalmente quando se leva em consideração a produção de tilápias, um tipo de peixe de água doce.  Só em 2020, o Brasil produziu 486.155 toneladas de peixes da espécie. Na conta, o Paraná lidera o ranking nacional, com 166.000 toneladas, seguido de São Paulo, com 70.500 toneladas e Minas Gerais, com 42.100 toneladas. Resultados que, segundo o Engenheiro de Pesca Ronan Maciel Marcos, professor e coordenador do curso de Engenharia de Aquicultura da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFSS), em Laranjeiras do Sul, são decorrentes dos constantes trabalhos de atualização e melhoramento realizados no setor.

“Hoje, temos produtores buscando conhecimento, engenheiros qualificados no mercado de trabalho e cooperativas investindo de forma significativa nas tilápias. É um ambiente que prospera naturalmente e, com os investimentos em graduações, capacitações e estruturação geral do setor, fomenta o contínuo crescimento”, indica o Engenheiro de Pesca.

Um dos exemplos que comprova esse avanço é ligado diretamente a criação. Antes, há cerca de cinco anos, havia capacidade máxima de criação de 3 a 4 peixes por metro quadrado. Hoje, a partir dos estudos e acompanhamentos de profissionais especializados, se tornou possível a criação de 6 a 8 peixes por metro quadrado. No peso, também houve melhorias: em 2005, a média por tilápia era de 400g. Hoje, já é possível encontrar tilápias pesando entre 800g e 1,2 kg.

“O grande responsável para que todo esse progresso continue ocorrendo é o consumidor, que levou a tilápia para a mesa e consome esse produto com muito mais constância. Porém, precisamos destacar a presença dos Engenheiros de Pesca e Aquicultura e os técnicos da área, que estudam e pesquisam diariamente para que os produtores, na ponta da produção, tenham recursos mais avançados em termos de genética, manejo, recursos e produtividade”, enumera Ronan, que também é coordenador regional do Colégio de Instituições de Ensino (CIE) do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Paraná (Crea-PR), em Guarapuava.

No Paraná, são cinco cursos de graduação nas áreas de Pesca e Aquicultura: Engenharia de Aquicultura na Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), de Laranjeiras do Sul; no Instituto Federal do Paraná (IFPR), de Foz do Iguaçu; na Universidade Federal do Paraná (UFPR), em Palotina e Pontal do Paraná e a Unioeste, de Toledo, com o curso de Engenharia de Pesca. Com a expectativa de formação de novos profissionais todos os anos, o Engenheiro de Pesca Arcangelo Signor, professor do curso de Engenharia de Aquicultura do IFPR – Campus Foz do Iguaçu, garante: há espaço para muito mais.

“A tilápia é um peixe que tem mercado aberto e grande ascensão no Paraná. Isso quer dizer que precisamos e continuaremos precisando de profissionais especializados que possam estar preparados para as demandas do mercado. No começo, víamos muitos filhos de produtores de tilápia saindo desse segmento. Hoje é o contrário: muitos deles procuram conhecimento e capacitação nas universidades para ajudar a família a aumentar a produtividade. No final, temos profissionais que contribuem com os produtores e colaboram para que toda a cadeia produtiva cresça”, relata Arcangelo.

O extensionista em piscicultura, Alisson Luis Borges Menegassi é um exemplo. Ele é graduado em Engenharia de Aquicultura pela UFFS desde 2019 e atualmente trabalha na Copacol, importante cooperativa do Oeste paranaense que também atua na produção e venda de tilápias. No dia a dia, ele atende propriedades rurais, oferecendo assistência aos produtores de tilápias do Nilo, acompanhando o manejo diário e desenvolvimento zootécnico dos animais desde o início até o fim da produção (despesca).

“O setor vem se desenvolvendo muito bem nos últimos anos, principalmente aqui no Paraná, aumentando a produção a cada ano. Pensando assim, a expectativa é de um crescimento ainda maior, pois temos muitas áreas a serem exploradas e o mercado precisando de profissionais qualificados. Dessa forma, temos oportunidades de trabalho em todos os setores da aquicultura, principalmente em piscicultura”, enaltece Alisson.

Perspectivas do setor
A criação de peixe em cativeiro ainda não representa 1% do Valor Bruto da Produção (VBP) paranaense. Mas tem importância para vários municípios no Estado: 60% do VBP e 66% da produção de pescados vêm do Oeste, principalmente das regiões de Toledo e Cascavel, onde a tilápia representa mais de 95% do total.

No Paraná, a produção de tilápia cresceu 11,5% entre 2019 e 2020: foram 172.000 toneladas em 2020 contra 154.200 t no ano anterior. Um dos destaques é o modelo cooperativista, representado por importantes cooperativas como Copacol e C.Vale. Segundo levantamento da Associação Brasileira da Piscicultura (Peixe BR), em 2000 o país produzia menos de 200 mil toneladas de tilápia, peixes nativos e outras espécies e não participava do mercado internacional. Desde então (2000 a 2020), a piscicultura está praticamente quatro vezes maior, com produção de 802.930 toneladas/ano. A expectativa, portanto, é que em 20 anos, o Brasil seja o maior produtor mundial de peixes de cultivo, com a tilápia na liderança.

De acordo com dados do Crea-PR, o Estado conta com 97 Engenheiros de Pesca e 15 de Engenharia de Aquicultura registrados na autarquia. A primeira especialidade diz respeito ao estudo do cultivo de organismos aquáticos em um espaço confinado e controlado, na maior parte dos casos. Já a segunda é ligada a retirada dos recursos pesqueiros no ambiente natural.

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