O governo do Irã lançou um aplicativo de namoro para casamentos duradouros. É a única plataforma desse tipo sancionada pelo Estado na república islâmica, de acordo com o chefe da polícia cibernética do Irã, coronel Ali Mohammad Rajabi.
No site da instituição, um vídeo explica detalhadamente como usar o aplicativo, que adotou uma linguagem visual bem feminina, usando a cor rosa e imagens de corações.
A iniciativa iraniana acontece num momento em que a taxa de divórcios está aumentando e a taxa de natalidade caindo no país.
Embora os aplicativos de namoro sejam populares no Irã, Rajabi disse na apresentação do app que todas as outras plataformas “concorrentes” do Hamdam são consideradas ilegais.
Um outro aplicativo de mesmo nome, também em linguagem persa, ensina as mulheres a controlarem o ciclo menstrual e a saúde reprodutiva.
O site de app afirma que usa inteligência artificial para encontrar parceiros “apenas para solteiros que buscam casamento permanente e um único cônjuge”. O registro é gratuito.
A lei iraniana criminaliza as relações sexuais consensuais fora do casamento.
Ainda de acordo com o site do Hamdam, os usuários terão que verificar sua identidade e passar por um teste psicológico antes de começar a procurar seu companheiro.
Quando é encontrado um noivado, o aplicativo “apresenta as famílias junto com a presença de consultores de serviço”, que irão “acompanhar” o casal por quatro anos após o casamento.
Komeil Khojasteh, chefe do Instituto Cultural Tebyan, que desenvolveu o Hamdan, disse à imprensa que os valores familiares do Irã foram ameaçados por forças externas. “A família é o alvo do diabo, e [os inimigos do Irã] procuram impor suas próprias ideias” sobre ela, disse ele, acrescentando que o aplicativo ajuda a criar famílias “saudáveis”.
De acordo com estatísticas da Organização Nacional de Registro Civil, cerca de 307.300 casamentos e 99.600 divórcios foram registrados no Irã entre março e dezembro de 2020. Em 2008, houve um divórcio para cada oito casamentos, informa a BBC.
O crescimento anual da população do Irã, entretanto, caiu para 1,29% em 2020. Hoje, mais da metade da população do Irã tem menos de 35 anos. Contudo, o governo local estima que no ritmo atual o país pode se tornar um dos países mais antigos do mundo nas próximas três décadas.
Em março, o parlamento do Irã aprovou um projeto de lei que obriga o governo a oferecer incentivos financeiros para o casamento e casais com mais de dois filhos. Ainda não foi aprovado pelo Conselho Tutelar.
No ano passado, autoridades passaram a limitar a oferta de serviços de planejamento familiar em hospitais públicos, apontam agências internacionais. As vasectomias não estão mais disponíveis e anticoncepcionais são oferecidos apenas para mulheres cuja saúde possa estar em risco.