O vice-presidente da CPI da Pandemia, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), respondeu nesta sexta-feira (25), durante reunião da comissão, à acusação do senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ) de que Randolfe teria participado de uma reunião com a Precisa Medicamentos, representante da vacina indiana Covaxin. A CPI está investigando possíveis irregularidades nas negociações para a aquisição dessa vacina por parte do governo federal.
De acordo com Randolfe, sua reunião com a Precisa, ocorrida em abril, foi transmitida ao vivo pela internet. Ele afirmou ter feito reuniões semelhantes com empresas representantes de outras vacinas, como Janssen e Pfizer, por exemplo. Para o senador, buscar vacinas é dever público dos senadores e também do governo.
— Ir atrás de vacina não é crime. Comprar vacina superfaturada e propositadamente omitir vacinas devidas aos brasileiros: isso é crime, isso é morticínio, e é isso que esta CPI deve investigar— declarou Randolfe.
A acusação de Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ) foi feita após matéria publicada pela revista Veja, que aponta a participação de Flávio em reunião com Francisco Maximiano, dono da Precisa Medicamentos. Segundo essa reportagem, em 13 de outubro de 2020 Flávio participou de uma videoconferência com Maximiano e com o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Gustavo Montezano.
Em vídeo publicado na internet, Flávio Bolsonaro afirmou não ter nenhuma relação comercial ou financeira com o dono da Precisa Medicamentos. Ele disse que só pediu ao BNDES que ouvisse o empresário sobre uma proposta, de uma outra empresa que Maximiano representava, relacionada à internet para as regiões Norte e Nordeste. No mesmo vídeo, ele disse que Randolfe havia se reunido com representantes da Precisa.
A Precisa Medicamentos está no foco das investigações da CPI da Pandemia desde a divulgação do depoimento do servidor do Ministério da Saúde Luis Ricardo Miranda, na última semana. O depoimento foi prestado ao Ministério Público Federal em março, em um inquérito que investiga se houve favorecimento na negociação de compra da Covaxin. O servidor alegou ter sofrido pressão de superiores para assegurar a importação dessa vacina, cujo custo de aquisição foi superior ao de outras fabricantes.
O servidor e seu irmão, o deputado federal Luis Miranda (DEM-DF), estão sendo ouvidos pela CPI da pandemia nesta sexta-feira. Em declarações públicas recentes, o deputado afirmou ter comunicado ao presidente Jair Bolsonaro as suspeitas de irregularidades. O presidente, conforme o relato do deputado, teria respondido que determinaria à Polícia Federal a investigação do caso, mas não há notícia de que isso tenha ocorrido. A negociação também está sob suspeita em razão do valor unitário das vacinas, considerado elevado, em torno de R$ 80.
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