Após o anúncio do fechamento da publicação, a última edição sairia no próximo sábado, mas já nesta quinta-feira (24/6) a derradeira impressão chegou às bancas.
A Next Digital, empresa dona do jornal, afirmou em comunicado que o conteúdo digital do Apple Daily não estará mais disponível em nenhuma plataforma e as assinaturas do jornal não serão renovadas.
A Federação Internacional de Jornalistas (IFJ) e sua afiliada, a Associação de Jornalistas de Hong Kong (HKJA), manifestaram preocupação para o jornalismo e a mídia independente em Hong Kong, após a pressão do governo para fechar o Apple Daily.
Uma coalizão de sindicatos da mídia expressou “dor pela perda desse grupo de imprensa multimídia, que há muito tempo busca defender o jornalismo”. Em solidariedade aos funcionários do jornal, estão postando mensagens nas redes sociais com a hashtag #InSupportofJournalists. O HKJA afirmou:
“Estaremos vestidos de preto em protesto contra o golpe do governo contra a liberdade de imprensa. Não podemos sair às ruas para expressar nossa insatisfação, pois estamos vinculados à proibição de reunião em grupo, mas isso não nos manterá em silêncio”.
Os ativos da Next Digital foram congelados na semana passada em uma ação das autoridades de Hong Kong que restringiu a capacidade da editora de pagar trabalhadores e fornecedores. A empresa demitiu funcionários que temiam por sua segurança física e financeira.
A decisão de fechar o Apple Daily vem na sequência de uma grande operação policial nos escritórios da Next Digital, e da prisão de cinco executivos em 17 de junho. Os executivos foram detidos sob o Artigo 29 da Lei de Segurança Nacional da China, que proíbe “conluio com um país estrangeiro ou com elementos externos que ameacem a segurança nacional ”.
Em Taiwan, a edição impressa do Apple Daily havia cessado em 18 de maio. A notícia veio horas antes de as autoridades de Hong Kong anunciarem o congelamento das ações da Next Digital. Seu fundador, Jimmy Lai, está detido por “motivos de segurança nacional” .
Lai, de 73 anos, com patrimônio estimado em US$ 1 bilhão, foi detido em dezembro de 2020 sob a acusação de fraude segundo a Lei de Segurança Nacional da China. O executivo e seis outros ativistas pró-democracia foram considerados culpados de organizar e participar de uma assembleia não autorizada em 18 de agosto de 2019 como parte da onda da ‘revolução guarda-chuva’, de Hong Kong.