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Volume de chuvas vai determinar risco de apagão no 2º semestre

Mesmo com sistema mais aprimorado, especialistas não descartam interrupção de energia similar ao que ocorreu em 2001

20/06/2021 às 02h05
Por: Redação Fonte: R7 - Alexandre Garcia, do R7
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Em 2001, mais de 90% da geração de energia era produzida nas hidrelétricas - (Foto: ANDRE FELICIANO/ESTADÃO CONTEÚDO - 10.6.2001)
Em 2001, mais de 90% da geração de energia era produzida nas hidrelétricas - (Foto: ANDRE FELICIANO/ESTADÃO CONTEÚDO - 10.6.2001)

O fantasma de um novo apagão energético no Brasil, como o que ocorreu em 2001, voltou a assombrar a população devido ao baixo volume dos reservatórios e a escassez de chuvas para reverter a situação.

Apesar da evolução do sistema em relação há 20 anos, quando 90% da geração de energia era proveniente das hidrelétricas, especialistas que acompanham o setor garantem que o risco de uma nova interrupção é uma realidade a partir do segundo semestre, a depender da capacidade das chuvas para reverter a pior crise hídrica dos últimos 91 anos.

O pesquisador sênior no núcleo de energia da FGV (Fundação Getulio Vargas), João Teles, diz que o sistema interligado de abastecimento nacional opera atualmente com 42% da capacidade e alerta para a possibilidade de o Brasil ingressar no próximo ano com um nível insuficiente para iniciar 2022, o que pode resultar no temido apagão.

"Decretar um racionamento durante uma estação seca é ineficaz, porque há pouco tempo para se economizar. Deve-se esperar as chuvas até fevereiro e, se a situação permanecer muito crítica, é possível recorrer pelo racionamento", explicou Teles ao observar uma maior possibilidade de interrupção no próximo ano. "Existe esse risco [de apagão] para 2022", afirma ele.

O diretor do CBIE (Centro Brasileiro de Infraestrutura), Adriano Pires, se diz otimista, mas não descarta a necessidade das medidas rígidas de corte na transmissão de energia já nos últimos meses deste ano. "A gente sabe que o risco é muito grande. Talvez a primeira coisa que vai acontecer é o corte de carga, de uma ou duas horas, mediante à possibilidade de não existir capacidade para atender os picos de energia durante determinados dias quentes", avalia ele ao prever os meses de setembro e outubro "com muita emoção" diante da chance de déficit de energia.

Para 2022, Pires reforça a permanência do problema e destaca alerta para a necessidade de se atentar para a velocidade da recuperação econômica, o que pode agravar ainda mais a situação se o período chuvoso não garantir o abastecimento necessário. "Só não tivemos problemas mais graves de falta de energia nos últimos 10 anos porque a economia cresce em ritmo inferior a 1% ao ano", observa.

Diante da possibilidade de precisar interromper a transmissão de energia, o governo federal se movimenta com ações na tentativa de incentivar o consumo consciente e prepara uma MP (Medida Provisória) que pode abrir caminho para um eventual racionamento de energia.

Para Teles, a adoção de medidas mais drásticas para controlar o uso de energia, como as que podem ser trazidas pela MP, são bem-vindas no momento atual. "Quando você está em uma crise, é preciso tomar as rédeas e ser forte. Eu acredito que é uma coisa que tem que ser feita para administrar a situação", pontua o pesquisador.

Pires partilha da mesma ideia e destaca o uso da bandeira vermelha nível dois, a ativação das térmicas, a criação de um comitê de crise para gerenciar as bacias e as conversas com a indústria para controlar a demanda, apesar de reconhecer que as medidas foram adotadas tardiamente, "A curto prazo não tem muito o que fazer. Resta aguardar para ver o que vai acontecer", afirma.

O ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico), responsável pelo abastecimento de 99% da energia elétrica consumida no Brasil, diz que tem alertado a respeito da situação hídrica nacional desde o ano passado. O órgão, no entanto, nega o risco de desabastecimento neste ano.

"Estamos operando o sistema elétrico brasileiro num cenário desafiador e temos a certeza de que estamos conduzindo a operação de forma bastante segura e compatível com a demanda elétrica da sociedade brasileira", analisa a ONS.

Evolução do sistema elétrico pode não impedir necessidade de novo apagão
Evolução do sistema elétrico pode não impedir necessidade de novo apagão - (Foto: LUIS MOURA/WPP/ESTADÃO CONTEÚDO - 11.6.2020)

O Ministério do Minas e Energia afirma que as instituições do setor energético trabalham "incessantemente" para garantir o abastecimento de energia a todos brasileiros em meio à pior crise hídrica da história. "O governo federal, em coordenação com os entes federativos, vem explorando todas as medidas ao seu alcance que nos permitirão passar o período seco de 2021 sem impor aos brasileiros um programa de racionamento de energia elétrica", afirma a pasta.

"Embora a hidroeletricidade ainda seja a principal fonte de geração [de energia] no Brasil, sua participação na matriz elétrica brasileira tem cedido espaço a outras, desde os anos 2000, em uma estratégia intencional de diversificação, buscando reduzir a dependência da hidroeletricidade, uma das principais vulnerabilidades identificadas no racionamento observado em 2001", completa o Ministério de Minas e Energia na nota enviada ao R7.

Teles, da FGV Energia, recorda que o sistema era muito despreparado há 20 anos. "Tínhamos problemas de transmissão, havia atraso de obras e existia a dependência de 90% das hidrelétricas. Agora, desde 2015 enfrentamos baixos níveis de armazenamento, mas o sistema não entrou em colapso pela inserção das matrizes renováveis", destaca o pesquisador ao citar a presença da geração eólica e da biomassa no sistema atual.

Os avanços no sistema, no entanto, não reverteram a dependência de recursos climáticos — como sol, vento e água — para garantir energia elétrica aos brasileiros, conforme lamenta Pires. "Prever o clima é uma coisa cada vez mais imprevisível em função das mudanças climáticas. [...] Para parar com esse sobressalto que gera pesadelos todos os anos, a solução é construir uma matriz elétrica mais equilibrada, com fontes que deem mais confiabilidade, que são as usinas térmicas e a gás”, orienta o diretor do CBIE.

 

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