Naftali Bennett, líder do partido religioso de extrema direita Yamina, ganhou o voto de confiança do Parlamento israelense neste domingo (13/06) e se tornou primeiro-ministro, destronando Benjamin Netanyahu após 12 anos no poder.
Os oponentes de Netanyahu conseguiram forjar uma aliança ampla de oito partidos para tirá-lo do poder. A coalizão é diversificada, inclui ex-aliados de Netanyahu, direitistas linha-dura, centristas e membros da esquerda. Também tem, pela primeira vez, o apoio direto do pequeno partido árabe Ra'am. Seu líder, Mansour Abbas, fez campanha prometendo um maior envolvimento dos cidadãos árabes na política israelense. A decisão foi descrita como "histórica" pela mídia israelense.
Bennett obteve o voto favorável de 60 dos 119 deputados presentes, e 59 contra, vindos do Likud de Natanyahu e dos grupos de extrema direita e ultraortodoxos. Houve uma abstenção.
Pelo acordo de coalizão, Bennett, de 49 anos, deve permanecer no cargo até agosto de 2023, sendo substituído nos dois anos seguintes por Jair Lapid, líder do segundo maior partido de Israel, o centrista Yesh Atid.
O ex-jornalista de TV de 57 anos foi encarregado, após a eleição parlamentar em março, de formar um governo após o fracasso de Netanyahu. Lapid, no entanto, deu a Bennett precedência para o cargo de primeiro-ministro, a fim de possibilitar a coalizão.
Há críticas de que o partido do futuro primeiro-ministro Bennett tem apenas sete cadeiras no Parlamento israelense. A bancada mais forte no Knesset é do Likud de Netanyahu, com 30 cadeiras, à frente do partido de Lapid (17).
Antes da votação deste domingo, Netanyahu disse no Parlamento que continuará na política, na oposição, após a tomada de posse de uma nova coligação, e que regressará ao poder "em breve".
"Se é nosso destino estar na oposição, faremos isso de cabeça erguida, derrubaremos esse mau governo e voltaremos a governar o país do nosso jeito", afirmou. "Estaremos de volta em breve."
O discurso inaugural de Bennett foi seguidamente interrompido por protestos raivosos de apoiadores de Netanyahu. Bennnett se manifestou contra um retorno ao acordo nuclear internacional com o Irã.
Ele alertou o grupo islâmico Hamas, que governa na Faixa de Gaza, para a formação de uma "parede de ferro" caso volte a atacar alvos em Israel. Ele disse que, sob sua liderança, Israel trabalhará pela reaproximação com outros Estados árabes.
Enquanto isso, o Hamas anunciou a continuação da luta armada contra Israel.