As democracias mais ricas do mundo reunidas na cúpula do G7, neste sábado (12), buscaram maneiras de conter a crescente influência da China oferecendo às nações em desenvolvimento um plano de infraestrutura que rivalizaria com a iniciativa multitrilhonária do presidente Xi Jinping.
Os EUA, Canadá, Reino Unido , Alemanha, Itália, França e Japão, cujos líderes estão em Cornualha, no sudoeste da Inglaterra, tem buscado uma resposta coerente à crescente assertividade do líder chinês após a ascensão econômica e militar do gigante asiático nos últimos 40 anos.
Como parte do plano do G7, os EUA devem trabalhar para complementar o financiamento de desenvolvimento existente e "catalisar coletivamente centenas de bilhões de dólares em investimentos em infraestrutura", disse a Casa Branca. Os aliados devem usar a iniciativa para mobilizar capital do setor privado em áreas como clima, saúde e segurança sanitária, tecnologia digital e eqüidade e igualdade de gênero. Mas não deixou claro como exatamente o plano funcionaria ou quanto capital ele alocaria no final das contas.
O esquema da Nova Rota da Seda da China (Belt and Road Initiative, ou BRI, na sigla em inglês), que Xi lançou em 2013, envolve iniciativas de desenvolvimento e investimento que se estenderiam da Ásia à Europa e além.
Mais de 100 países assinaram acordos com a China para cooperar em projetos BRI como ferrovias, portos, rodovias e outras infraestruturas. Os críticos dizem que o plano de Xi Jinping de criar uma versão moderna da antiga rota comercial da seda para ligar a China à Ásia, Europa e além é um veículo para a expansão da China. Pequim diz que tais dúvidas traem a "ressaca imperial" de muitas potências ocidentais que humilharam a China durante séculos.
Um funcionário dos EUA disse que até agora, o Ocidente falhou em oferecer uma alternativa positiva para a "falta de transparência, padrões ambientais e trabalhistas pobres e abordagem coercitiva" do governo chinês que deixou muitos países em situação pior.
De acordo com um banco de dados da Refinitiv, em meados do ano passado, mais de 2.600 projetos a um custo de US $ 3,7 trilhões (cerca de R$ 19 trilhões) estavam vinculados ao BRI, embora o Ministério das Relações Exteriores chinês tenha dito em junho passado que cerca de 20% dos projetos foram seriamente afetados pela pandemia.
Joe Biden fez "comentários enérgicos" aos líderes do G7 sobre a necessidade de fazer uma declaração forte sobre direitos humanos e o uso de trabalho forçado na China, mas havia um "espectro de até onde diferentes países estão dispostos a ir" com as críticas em um comunicado final ao fim da cúpula de três dias, disse outra autoridade dos EUA.
Os EUA pressionam por uma linguagem específica no comunicado sobre um suposto esquema de trabalho forçado em campos na região de Xinjiang, na China, onde especialistas e grupos de direitos humanos estimam que mais de um milhão de pessoas, principalmente uigures e outras minorias muçulmanas, teriam sido detidas nos últimos anos. A China nega todas as acusações de trabalho forçado ou abuso.
De acordo com a AP, citar a China por práticas de trabalho forçado é parte da campanha do presidente norte-americano para persuadir outros líderes democráticos a apresentar uma frente mais unificada para competir economicamente com Pequim. Por fim, os líderes atingiram consenso sobre a necessidade de uma abordagem compartilhada no que diz respeito às condições de trabalho no país asiático.
O presidente dos EUA, Joe Biden, e outros líderes do grupo esperam que seu plano, conhecido como iniciativa Build Back Better World (B3W), forneça uma parceria de infraestrutura transparente para ajudar a reduzir os US $ 40 trilhões (quase R$ 205 trilhões) necessários para as nações em desenvolvimento até 2035, disse a Casa Branca.
"Não se trata apenas de confrontar ou enfrentar a China", disse um alto funcionário do governo Biden à Reuters. "Mas até agora não oferecemos uma alternativa positiva que reflita nossos valores, nossos padrões e nossa forma de fazer negócios.", completou.