“A retoma económica, movida pelo turismo, está a atrasar-se devido à conjuntura pandémica internacional, mas também à situação interna prevalecente”, disse Avelino Lopes, vincando que “o crescimento em 2021 deverá ser muito tímido e a recuperação da recessão de 2020 levará alguns anos”.
Falando na conferência online sobre “A Pandemia da Dívida: Que Impactos para Cabo Verde, Guiné-Bissau e Moçambique?”, o antigo governante disse que Cabo Verde “está a sofrer o duplo efeito do aumento do stock da dívida e do decréscimo do PIB” e apontou que o rácio da dívida sobre o PIB estava nos 152% no início do ano, o valor mais elevado em toda a África subsaariana.
Na conferência, organizada pela Associação para a Cooperação Entre os Povos (ACEP) e a Plataforma Portuguesa das ONG para o Desenvolvimento, Avelino Lopes defendeu que “a menos que o país consiga uma generosa renegociação, que inclua o perdão e o reescalonamento, a pandemia da dívida irá condicionar o crescimento económico e a recuperação dos ganhos sociais perdidos ao longo de toda a década”.
A riqueza deste arquipélago africano lusófono “cresceu 5,3% por ano nos últimos quatro anos, em média, mas a recessão de 15,55%, no ano passado, fez com que fosse um dos mais afetados do mundo”, com um impacto muito grande no turismo, no investimento direto estrangeiro, na ajuda pública ao desenvolvimento e nas remessas de emigrantes.
“A queda de turistas no ano passado foi de 78,2%, e só não foi praticamente total porque nos primeiros três meses o país ainda esteve aberto ao turismo internacional”, explicou o antigo ministro da Economia.