O chefe da Frente Polisário, movimento que luta pela independência do Saara Ocidental, um território anexado por Marrocos, teve na terça-feira alta de um hospital no norte de Espanha após mais de seis semanas de tratamentos contra a covid-19.
A presença de Ghali em Espanha enfureceu Marrocos e desencadeou uma crise diplomática entre os dois países e, tudo indica, levou Rabat a provocar a chegada de milhares de migrantes ilegais – muitos deles crianças não acompanhadas – ao enclave espanhol de Ceuta, no norte de África, que faz fronteira com Marrocos.
A saída de Espanha aconteceu depois de, também na terça-feira, a justiça espanhola se ter recusado, mais uma vez, a enviar o líder da Frente Polisário para a prisão como medida cautelar ou a retirar o seu passaporte, considerando que não há “risco de qualquer fuga” às suas responsabilidades ou “mesmo elementos circunstanciais” para acreditar que seja “responsável por qualquer crime”.
O presidente da autoproclamada República Árabe Saarauí Democrática prestou declarações por videoconferência a partir de um hospital em Logrono (região de La Rioja) no âmbito de dois processos por alegados crimes contra a humanidade, genocídio, tortura e outros.
Brahim Ghali negou ter cometido esses crimes, associando as acusações contra ele a motivos “absolutamente políticos” para “tentar minar a credibilidade do povo saarauí e a sua luta para conseguir a autodeterminação “, afirmou o seu advogado, Manuel Ollé.