No início da reunião da CPI da Pandemia nesta terça-feira (1º) senadores debateram a realização da Copa América no Brasil. Também discutiram a possibilidade de convocação do presidente da CBF, Rogério Caboblo, e do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, para explicarem as condições de o Brasil receber o evento.
O relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AL), afirmou que é lamentável a ideia de promover o evento no Brasil na iminência da chegada da terceira onda da covid-19. O senador fez um apelo aos jogadores da seleção, ao técnico Tite e ao atacante Neymar para que se mobilizem contra a realização da Copa América no Brasil.
— Já que não dá para fazer apelo ao presidente da República, já que não podemos fazer o apelo ao ministro da Saúde, já que não podemos fazer o apelo à CBF, eu quero me dirigir à seleção, aos jogadores, ao seu treinador e ao Neymar: Neymar, não é esse o campoenato que precisamos agora disputar. Precisamos disputar o campeonato da vacinação — disse Renan.
O relator acrecentou que o Brasil está nos últimos lugares no campeonato da vacinação, mas entre os primeiros no “campeonato da morte” e pediu que Neymar marque "gols" em favor da vacina e “não aceite a Copa América no Brasil”.
O senador Humberto Costa (PT-PE) informou que seu partido ingressou no Supremo Tribunal Fderal (STF) com uma ação para barrar a Copa América no Brasil e defendeu a aprovação do requerimento do vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), para ouvir o presidente da CBF sobre a decisão de receber o evento.
— Virão delegações de atletas, de torcedores, de dirigentes, de gente da imprensa que vem cobrir, e isso significa que nós teremos que garantir, além de segurança, leitos hospitalares, atendimento à saúde, coisa que está faltando para a população brasileira nesse momento — alertou Humberto.
Para o senador Marcos Rogério (DEM-RO), convocar o presidente da CBF e investigar a realização da Copa América tornaria a CPI “ilegal”, já que a comissão deve investigar fatos determinados do passado.
— Essa hipótese de se fazer a convocação em razão de fatos que estão acontecendo ou que vão acontecer tornaria a CPI em uma CPI ilegal, porque CPI só pode ser instalada para investigar fato determinado. Quando você tem uma situação que está acontecendo ou por acontecer, isso não entra no rol do fato determinado — apontou o senador.
Otto Alencar (PSD-BA) avaliou que a decisão de trazer o evento para o país neste momento é “equivocada” e uma “irresponsabilidade sanitária sem precedentes”. Mas o senador considera que não cabe à CPI convocar o presidente da CBF. Para ele, quem deve ser convocado é o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, para informar aos senadores se o Brasil possui condições de criar barreiras sanitárias e testar todos que chegarem ao país para evitar a entrada de novas cepas.
Já Eduardo Girão (Podemos-CE) defendeu a Copa América no Brasil. Ele afirmou que já acontecem no Brasil campeonatos nacionais, estaduais e a Sul-americana e avaliou que ao futebol ajuda o “psicológico” dos brasileiros. Para Eduardo Girão, deveríamos celebrar a Copa América no Brasil pois ela "gera emprego, gera turismo no futuro".
— Acho que não podemos ter dois pesos e duas medidas. O futebol é muitas vezes o único lazer que o brasileiro tem no momento de hoje. A vinda de uma Copa America gera emprego, gera turismo - disse o senador, acrescentando que os atletas são testados regularmente e não há previsão de público nos estádios.
O presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), afirmou que ontem, em entrevista, tinha um posicionamento a favor do evento, mas disse que refletiu e que “não tem lógica” um evento internacional em um momento como esse:
— Mas depois você, fazendo uma autocrítica e raciocinando, você vai comemorar o quê? Tá bom, se o Brasil for campeão da Copa América vai mudar o que neste momento, para a gente? O que significa isso- disse Aziz.
Nesta segunda-feira (31) a Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol) informou que o Brasil é a nova sede do torneio, a ser realizado entre junho e julho. A Argentina, que seria uma das sedes originais, desistiu por causa do aumento de casos de Covid no país. Antes, a Colômbia também abriu mão por enfrentar uma crise política, com manifestações nas ruas.