Em meio ao cessar-fogo no conflito com o Hamas, grupos políticos opositores ficaram neste domingo (30/05) mais próximos de um acordo para formar uma coalizão de governo que poria fim à era Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro há 12 anos no poder em Israel.
Líder há mais tempo no governo da história de Israel, Netanyahu, de 71 anos, vem tendo dificuldades de formar uma coalizão para se manter no poder, em meio à erosão de sua imagem, arranhada por escândalos de corrupção.
Israel vive um momento conturbado politicamente. Sua última eleição, em março passado, foi a quarta em apenas dois anos. Nela, o partido conservador Likud, de Netanyahu, obteve maioria dos assentos no Parlamento, mas não conseguiu formar uma aliança que bastasse para montar um governo.
Quem ficou perto de formar governo, após as conversas deste domingo, foi o grupo liderado pelo ex-apresentador de TV Yair Lapid. Centrista, ele está procurando forjar uma aliança diversificada, que vem sendo chamada pela imprensa israelense de bloco da "mudança". Este bloco incluiria o nacionalista Naftali Bennett e legisladores árabes-israelenses.
Em sua determinação de derrubar Netanyahu, Lapid ofereceu-se para compartilhar o poder e deixar Bennett assumir os primeiros anos no governo, compondo uma espécie de poder rotativo.
Neste domingo, Netanyahu ainda tentou se agarrar ao poder, oferecendo seu próprio acordo de compartilhamento de governo de última hora a vários ex-aliados, incluindo Bennett.
O possível novo governo de Lapid incluiria também o partido centrista Azul e Branco, de Benny Gantz, e o partido Nova Esperança, de seu antigo aliado Gideon Saar. O partido Yisrael Beitenu (Israel Nossa Casa), de Avigdor Liberman, assim como o Trabalhista e o partido laico Meretz, também se juntariam à coalizão.
Mas essa coalizão precisaria do apoio de defensores dos assentamentos judaicos em territórios palestinos, bem como de legisladores árabes-israelenses de ascendência palestina - um acordo instável que ainda exigiria uma nova votação de confirmação.
As intensas conversações acontecem após semanas de tensões crescentes entre Israel e os palestinos. O conflito com o Hamas, iniciado em 10 de maio, assim como as tensões na Cisjordânia ocupada e nas cidades mistas, pareciam inicialmente deixar Netanyahu com maior probabilidade de manter o poder. Mas analistas tratam isso como cada vez mais improvável.
O partido Likud, de Netanyahu, ganhou 30 cadeiras nas eleições de março, mas não conseguiu formar uma coalizão governamental depois que seus parceiros de extrema direita se recusaram a se juntar às facções árabes ou a receber seu apoio.
Lapid, cujo partido conquistou 17 cadeiras no Parlamento de 120 assentos, recebeu então a missão de, em quatro semanas, tentar formar um governo.
Netanyahu vinha pressionando por mais uma eleição, que seria a quinta desde abril de 2019.
Os rivais de Netanyahu citam os escândalos de corrupção como a principal razão pela qual Israel precisa de um novo líder. O argumento é de que ele poderia, com um novo mandato, usar a imunidade do cargo para se proteger.
O prazo final para que os partidos cheguem a um acordo sobre um novo governo é esta quarta-feira. Em caso de fracasso, uma nova eleição seria convocada.
rpr (Reuters, AFP)