Senadores manifestaram apoio à operação da Polícia Federal (PF) deflagrada nesta quarta-feira (19) para apurar ações do Ministério do Meio Ambiente e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (Ibama). Eles esperam que a investigação ajude a corrigir os rumos dos órgãos.
A operação, de nome Akuanduba, apura crimes contra a administração pública (corrupção, advocacia administrativa, prevaricação e, especialmente, facilitação de contrabando) praticados por agentes públicos e empresários do ramo madeireiro e investiga o tráfico de madeira obtida através de desmatamento ilegal na Amazônia. O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, e o presidente do Ibama, Eduardo Bim, tiveram sigilos bancário e fiscal quebrados. Bim foi afastado do cargo por decisão judicial. Escritórios no Distrito Federal, São Paulo e Pará, além da residência do ministro, foram alvos de apreensão de documentos.
Para Lasier Martins (Podemos-RS), a operação vem atender à preocupações de longa data da sociedade brasileira em relação à condução do Ministério do Meio Ambiente. Ele destacou que a floresta amazônica tem importância “transcedental” para a regulação do clima no Brasil e tem sido “terrivelmente prejudicada” por má gestão da política ambiental. O senador falou durante a sessão deliberativa remota desta quarta-feira.
— [A PF] vai flagrar quem são os grandes responsáveis e beneficiários desse crime que vem ocorrendo há tantos anos e que culminou com tanto sacrifício de gente que trabalhava pela Amazônia e que foi demitida. Defensores do meio ambiente vêm pedindo há muito tempo para que o ministro Salles seja afastado — ressaltou.
A senadora Kátia Abreu (PP-TO), também durante a sessão, disse esperar que a operação siga os devidos trâmites legais e que possa elucidar as denúncias. Ela avalia que o ministério precisa de uma “nova imagem”, pois a atual está “fortemente comprometida” e, inclusive, prejudica os negócios do Brasil no exterior.
— O Ministério do Meio Ambiente foi totalmente substituído por pessoas que não conhecem o assunto. O setor de inteligência do Ibama está totalmente desativado. Houve um desmanche total na fiscalização, nas atividades de comando e controle ambientais do país, e nós não conhecemos as causas. Quem sabe essa operação vai poder nos explicar — afirmou.
Kátia aproveitou para pedir apoio à aprovação do PL 1.539/2021, de sua autoria, que antecipa de 2030 para 2025 a meta de redução de 43% das emissões de gases de efeito estufa pelo Brasil. Ela observou que a principal causa desse problema no país é o desmatamento, e não a matriz energética, o que torna o objetivo mais factível — desde que haja investimento no setor ambiental.
O líder da oposição, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), foi às redes sociais para chamar o ministro Ricardo Salles de “antiministro” e de “inimigo do meio ambiente”, e lembrou que há um pedido pelo seu impeachment no Supremo Tribunal Federal (STF).
“Parece que eles queriam passar a ‘boiada’, e a Polícia Federal prontamente está passando a ‘boiada’ a limpo”, escreveu o senador.